Inteligência artificial, a nova alidada da Mata Atlântica

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O ganês Richard Kwarteng mostra o invento que ele criou para lavar as mãos, que funciona com energia solar. Foto - Rede Social - CNNÁfrica
O ganês Richard Kwarteng mostra o invento que ele criou para lavar as mãos, que funciona com energia solar. Foto - Rede Social - CNNÁfrica

O desmatamento na Mata Atlântica, que é um dos biomas mais importantes do planeta, aumentou 27% entre 2018 e 2019, segundo informações recentes da Fundação SOS Mata Atlântica. Mas outro estudo, que acaba de ser divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), usando recursos da inteligência artificial, traz um dado positivo: na área investigada, constatou-se que pelo menos 4,3% das florestas naturais da região se recuperaram nas últimas décadas.

Para chegar a essa conclusão e compreender a dinâmica de degradação e regeneração dos fragmentos florestais, o estudo do Inpe comparou imagens de altíssima resolução obtidas recentemente por satélites com fotografias aéreas georreferenciadas colhidas em 1962.

Com auxílio de pesados recursos computacionais, foi possível rastrear nas figuras a evolução da cobertura florestal, utilizando como marcadores duas espécies pioneiras de árvores: a embaúba prateada (Cecropia hololeuca) e o manacá-da-serra (Tibouchina pulchra).

Da exuberância original da Mata Atlântica só restaram 12%, que estão espalhados por 17 estados, sendo a maior parte em Minas Gerais. O estudo do Inpe, por enquanto, investigou uma área entre São José dos Campos e Taubaté, o planalto, até Caraguatatuba e Ubatuba, no litoral de São Paulo.

“Nesse quadrilátero, de aproximadamente 100 por 60 quilômetros, existem mais de 2 mil fragmentos florestais. Utilizando os mapas de dominância das duas espécies vegetais, constatamos que pelo menos 4,3% das florestas naturais da região atual se recuperaram após 1962”, conta o professor Fabien Hubert Wagner, um dos responsáveis pela pesquisa, em entrevista à Agência Fapesp.

À direita da imagem, no quadrado, a área da Mata Atlântica pesquisada pelo Inpe. À esquerda, o que restou da floresta pelo Brasil. Imagem - Inpe
À direita da imagem, no quadrado, a área da Mata Atlântica pesquisada pelo Inpe. À esquerda, o que restou da floresta pelo Brasil. Imagem – Inpe

Inteligência artificial

E onde entra a inteligência artificial na história? De acordo com o professor Wagner, além da excelente base de dados composta pelas imagens dos satélites WorldView-2 e WorldView-3, e pelas fotografias aéreas de 1962, o estudo se beneficiou do uso de uma ferramenta muito potente de inteligência artificial e aprendizagem de máquina, que tem um nome pomposo: rede neural convolucional U-net.

Mas o professor Wagner traduz. “Ela reproduz o que o olho humano faz, mas em uma escala incomparavelmente maior. E consegue mapear milhões de objetos em uma única imagem”.

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O professor também explica porque foram escolhidas as duas espécies, embaúba prateada e manacá-da-serra, para fazer a investigação: “Essas duas árvores são espécies pioneiras, que crescem depois da degradação. Nosso estudo demonstrou que a embaúba prateada é indicadora de floresta degradada e, o manacá-da-serra, indicador de regeneração florestal sobre antigas pastagens. Rastreá-las nas imagens nos possibilitou saber se o fragmento de floresta investigado evoluiu a partir de pastagem ou se já estava lá antes de 1962”.

Com o trabalho concluído nesse trecho de floresta no estado de São Paulo, o mesmo procedimento, que tem a inteligência artificial como aliada, será estendido a toda a Mata Atlântica, nos 17 estados onde há remanescentes da floresta, segundo os pesquisadores do Inpe.

“Não basta saber se em determinada região tem floresta. É preciso conhecer a história dessa floresta, se ela é antiga ou recente, para poder conservá-la. Este é o objetivo do estudo”, afirma o professor Wagner. A pesquisa desenvolvida no Inpe tem o apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Com Agência Fapesp

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