A situação exige um “pause”. Então que pausemos da melhor maneira possível. Que tal “viajar” com Antoine Baudoin “Em busca do prato perfeito”? Você vai se surpreender. O livro é gostoso de ler, vem recheado de informações preciosas. É fonte inspiradora até pra quem nunca se aventurou na cozinha.
Aliás e a propósito, como se fosse alguma novidade, nesse e em outros tempos não menos sombrios, a cozinha é o meu refúgio preferido. A Adélia Prado tem razão:
” (…) A vida é mais tempo alegre do que triste. Melhor é ser.”
Esse “melhor é ser” da Adélia nada mais é que o famoso “se você tem um limão faça dele uma limonada”. No meu caso, pode render até mais que uma limonada. Que tal bolos, mousse, tortas molhos…?
Você deve estar ai matutando:
– Mas essa pessoa só fica na cozinha? Só pensa e faz isso?
– Claro que não. Se não estou na cozinha, assisto a filmes, leio, caminho, passo roupas. Aliás, passar roupas é uma ótima atividade pra abstrair.
– Tá bom. Acredito. E sobre os filmes, alguma sugestão?
– Que tal rever “A festa de Babete”? “Julie e Julia”, “Como água pra chocolate”, “Ratatouille”, “Comer, rezar e amar”, “Chocolate” …?
– Ai, meu Deus! Como essa criatura é óbvia! E o que você anda lendo? Não vá me dizer que é sobre comida também?
– E num é que é? Releio livros, peço alguns como empréstimo, compro outros. Muitos em sebos. Vários são presentes valiosos. Ganhei de pessoas queridas. Ontem mesmo recebi uma preciosidade pelo correio: “Papel manteiga para embrulhar segredos – Cartas culinárias” . Uma delicadeza em forma de livro.
Na obra, a autora Cristiane Lisboa conta a história de Antônia. A protagonista foge de casa para estudar gastronomia. Longe da família passa a escrever cartas para a bisavó. Entre uma novidade e outra, Antônia compartilha receitas dos pratos que aprende nas aulas.
Quem resume bem as “cartas culinárias” da Cristiane Lisboa é a Andrea del Fuego.
” (…) Livros que receitam são tão íntimos quanto o amor. Receitas são letras e não o bolo em si, a bandeja. Porque palavras se transformam em bolo se você quiser. Cozinhe e faça a sesta, uma vez que as cartas/capítulos deste romance levam o leitor ao sobreiro que a boa literatura traz aos bons pratos.”
Vocês aceitam degustar uma das receitas do livro. Que tal Ambrosia?
Ingredientes
– 4 ovos bem batidos
– 250 gramas de açúcar
– 50 ml de água
– Suco de meia laranja (a outra metade você come)
– Suco de meio limão (com a outra metade você faz uma limonada)
Modo de fazer
Ferva a água com o açúcar e deixe derreter muito bem. Tire do fogo e junte os ovos batidos misturados com os sucos. Volte ao fogo baixo e cozinhe sem mexer muito.
Sirva em pequenos potes com um pouco de queijo branco ralado grosso. Gratinar se gostar.
Faça, coma e se lambuze. Ótima opção para adoçar a vida em tempos sombrios.
Vou fazer ambrosia pra adoçar a série Chernobyl que comecei a ver ontem e não é nada doce. Melhor seria Festa de Babete – o ícone da cinematografia gastronômico
Adoro sua reflexões, Gisele! Você como sempre, se lambuzando nas palavras delicadas e nas receitas deliciosas!