Há poucos dias o Beto me encaminhou um vídeo gravado pelo ator Nelson Freitas. É sobre a “lei” do leite que só ferve quando você sai de perto.
- Gisele, esse vídeo é a sua cara, alertou.
O Beto tem razão. Sou dessas. Fico ali, de butuca, sempre a espera – e com a certeza de que aquilo pelo qual anseio muito vai acontecer. A verdade é que crio expectativa demais. E se não dá certo, haja sofrimento. Haja frustração.
Fabíola Simões, autora do texto lido pelo Nelson Freitas, alerta que não adianta ficar sentada ao lado do fogão, fingir que não está ligando; até pegar um livro pra se distrair. “É batata: ele não ferve. Parece existir um radar sinalizador capaz de dotar o leite de perspicácia e estratégia. Porque também não basta se afastar fingindo que não está nem aí. O leite percebe que é só uma estratégia. E só vai ferver (e transbordar) se você esquecer de fato.
A vida gosta de surpresas e obedece à “lei do leite que transborda”: Aquilo que você espera acontecer não vai acontecer enquanto você continuar esperando.”
É bem assim, né? O que dizer das horas intermináveis aguardando por um telefonema que nunca vem? E da certeza que aqueles números desta vez serão sorteados? Afinal, essa é a única solução para mudar de vez a vida da família.
Tem também aquela irmã que toda vez que me vê saindo para ir ao supermercado repete como um mantra:
- Gisele, passe pelo menos um batom. Nunca se sabe quando você vai esbarrar com o grande amor da sua vida.
Aí, passo batom. Vai que ele tá ali, distraído, escolhendo um vinho. Saio toda serelepe com minha sacola cheia de esperança. Que atire a primeira pedra quem nunca sonhou com um grande amor.
Horas depois, compras feitas, volto pra casa curvada pelo peso da sacola cheia … de cenouras, batatas, cebolas … O amor da minha vida não deu as caras. Ninguém sabe, ninguém viu.
E o emprego dos sonhos? Certeza que a vaga seria minha. Só que de novo não foi dessa vez. Prevaleceu a “lei do leite que transborda”. Ansiedade demais. Vigilância também. Mas nada de lágrimas. Engolindo a decepção. Bora atualizar o curriculum. A Fabíola tem razão. Não adianta chorar pelo leite derramado.
“A vida – como o leite – não está nem aí pra sua pressa, pro seu momento, pra sua decisão. Por isso você tem que aprender a confiar. A relaxar. A tolerar as demoras. A não criar expectativas. A fazer como minha mãe: I.g.n.o.r.a.r…
E lembre-se: tem gente que prefere ser lagarta do que borboleta. Sem paciência com os ciclos, destrói seu casulo antes do tempo e não aprende a voar.”
Aprendendo a ser lagarta. Um dia depois do outro.
Ah, pra assistir ao vídeo do Nelson Freire é só clicar aqui
😄😄😄 estou rindo aqui sozinha!!! Muito divertido,mas verdadeiro! Obrigada Gisele. Beijos 😘
Suas crônicas sempre nos fazendo pensar essa mágica de nós transportar para outros lugares e sensações.O interessante é perceber que com a maturidade a gente vai perdendo um pouco essa pressa,desacelerar faz parte do aprendizado.
Que não adianta mesmo querer que seja no tempo que a gente deseja
Este texto foi todinho para mim…rsrsrsrsr….vida que segue….amei a lei do leite derramado…senti até o cheirinho…uhuhuhuhu…que delícia!!! GRANDE ABRAÇO.