Carícias divinas porque mereço

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Imagem - Pixabay
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Há alguns dias escrevi aqui sobre senso de humor. Nunca pensei que um assunto tão prosaico pudesse provocar tanto as pessoas. Quando postei o texto até cheguei a pensar que você poderia me ver como uma ET ranzinza vivendo num mundo risonho. Que nada! Descobri que há muita gente que não gargalha com frequência. Só que é capaz de escancarar os dentes quando sente o que a Soraia Zardini chama de “carícias de Deus”. Toques que nada mais são que alegrias fugazes. Muitas vezes elas até passam batido. Nem damos importância. Um desperdício

A Soraia selecionou várias oportunidades. Eu concordo com a maioria. Concordo, por exemplo, com a felicidade de encontrar um dinheiro esquecido no bolso do casaco. E quando alguém lhe elogia sem saber que você está por perto? Tem também o cheiro de comida boa quando abrimos a porta de casa, quando a semente que plantamos brota ao sinal da primeira chuva, quando a dor passa, quando a mesa de domingo está cheia de gente querida, quando o celular toca e a gente reconhece o número de alguém muito amado (e desejado). E, por que não, quando o amor floresce no outono/inverno da vida?

Fico aqui matutando porque é tão difícil identificar (e aproveitar mais) essas tais carícias divinas. Talvez seja porque a gente supervaloriza as lembranças do passado, passa o tempo sonhando com o futuro e deixa de viver intensamente o presente. Passei a ter foco nisso depois de uma ótima conversa com uma querida mais que demais. Foi Sabrina quem me chamou a atenção para esse “desleixo” (ou seria desatenção?) com o presente. “É preciso viver o presente”, aconselhou durante uma conversa de pé de ouvido. Sabrina está coberta de razão.

Mas, atenção. Não sejamos ingênuos em pensar que todos os dias serão como férias. A gente precisa aprender a procurar as pequenas felicidades. Ontem à noite, vasculhando esse infindável mundo cibernético, reencontrei uma canção do Gonzaguinha. Coincidência ou carícia de Deus? Voto na segunda opção. “Semente do amanhã” tem tudo a ver com esse nosso papo aqui.
“Ontem um menino
Que brincava, me falou
Que hoje é semente do amanhã
Para não ter medo
Que esse tempo vai passar
Não se desespere, nem pare de sonhar
Nunca se entregue
Nasça sempre com as manhãs
Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar
Fé na vida, fé no homem, fé no que virá
Nós podemos tudo, nós podemos mais
Vamos lá fazer o que será.”

Recadinho do coração: se como diz o Gonzaguinha hoje é semente do amanhã então preste atenção no que você planta e no terreno da semeadura. Se a terra não está fértil ou está degradada, proceda o manejo. É como Papai fazia com os pastos. O velho Osvaldo, na sua sabedoria infinita, dividia o pasto em piquetes. Ou seja, para manter o pasto sempre verde, ele alternava a ocupação. Ora as vacas consumiam a grama em um piquete, ora em outro. A troca era feita quando a grama se esgotava e os animais começavam a perder peso. Tinha também a questão ambiental. Terra muito pisoteada se degrada. Isso vale também para vida. Se o seu pasto não está tão verde assim, reacomode seu coração. Pra tudo dá-se um jeito. Acredite. Tenha fé.

5 COMMENTS

  1. O sábio senhor Osvaldo sempre nos trouxe conhecimentos da roça, que em muitas situações, superam o pensar acadêmico, fiquei feliz em ler sobre coisas que adoro aprender e praticar quando posso, preparar a terra, reutilizar tudo que é possível das sobras de alimentos para promover a compostagem, com ou sem minhocário… Ainda hoje vi a foto que mostra paralelo no status da Gildinha, ele cuidando das leiras de plantio de alfaces…
    Não há prazer maior do que comer o alimento plantado pelas próprias mãos, algo engrandecedor que tanto seu Osvaldo, como o pai Brot’s, sempre praticaram e ensinaram a nós da próxima geração e que devemos repassar para as seguintes…
    Parabéns Gisele, pela ótima coluna.

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