Um tapete para chamar de seu

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o Pensador, famosa obra do escultor francês Auguste Rodin - Imagem - redes sociais
o Pensador, famosa obra do escultor francês Auguste Rodin - Imagem - redes sociais

Todo mundo (ou quase todo mundo) conhece “O Pensador”. Estou falando daquela famosa escultura do francês Auguste Rodin. A obra em questão retrata um homem em meditação que, supostamente, representa um personagem da “Divina Comédia” de Dante Alighieri.
Pois, então! Eu estava tal e qual “O Pensador”, quando o tapete do banheiro daqui de casa (ops! momento escatológico) chamou a minha atenção.
– Eu já vi essa estampa em algum lugar, pensei imediatamente.
Pensa daqui, reflete dali, cheguei à conclusão de que sou a feliz proprietária de uma blusa com uma estampa praticamente igual ao tapete. Uma coincidência, é claro! Só que essa não foi a primeira vez que uma peça do meu guarda-roupa “conversa” com um objeto que não tem nada a ver. Já tive um twinset roxo com bolinhas laranja. E antes que os haters venham me criticar, dizer que uso anglicismo e tal, esclareço que o dito cujo é apenas e somente um conjuntinho composto por blusa e cardigan.

Trata-se de um modelo que dominou a moda dos anos 1950 e 1960. Na época, era usado de um jeito mais clássico e elegante. Minha mãe era fã. Na década de 1990 a tendência voltou, só que de um jeito mais descolado, semelhante ao meu que, diga-se de passagem, era lindo. Mas acontece que toda vez que eu vestia o danadinho sentia um incômodo. Nada que me impedisse de usá-lo repetida vezes (as influencers que me perdoem), mas havia um estranhamento, tipo “eu já vi um igual a esse em algum lugar”. Até que um amigo esclareceu.
– Amiga, você já percebeu que essa sua roupa é igualzinha à embalagem de camisinha?
E num é que era mesmo? Obviamente não joguei o conjuntinho no lixo. Usei por muito tempo. Mais que isso, passei a fazer piada de mim mesma
– Gente, hoje vim trabalhar fantasiada de preservativo.
Nada mais era que uma estratégia para evitar memes. (Se bem que naquela época os memes ainda não tinham sido criados. Mesmo assim … ) Tempos depois a roupa se perdeu no emaranhado do meu armário. Eu me esqueci dela e só voltei a lembrar da sua existência com a história do tapete.
Você deve estar aí se perguntando:
– Mas, por que essa moça não doou o tal twinset?
Deveria, mas não o fiz. Sou uma acumuladora confessa de roupas e sapatos. Tenho dificuldade de renunciar àquilo que gosto. Livros, então, nem precisa pedir. E nem venha me falar em fazer circular para estimular o hábito da leitura etc. e tal. É que eu me apego. Sinto amor por eles. Tenho centenas. De vez em quanto resgato um exemplar, leio de novo e me emociono como se fosse a primeira vez. O que fazer? Sou dessas e se for pecado, sou uma candidata a passar uma temporada no purgatório. Que Deus tenha piedade de mim. Afrodite, também. Afrodite, aliás, além de ser a deusa do amor, também protege os amantes dos livros e das artes. Que assim seja!
Ah, e quanto a embalagem roxa, descobri só agora (por que será, heim?) que ela é coisa do passado. Foi substituída em 2019. Atualmente, o preservativo distribuído pelo SUS traz o recado: “Se liga. Use”. As cores são vibrantes (como deve ser) e o desenho lembra o botão de ligar de aparelhos. Então, tá! Se liguem. Indo.

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