Macarrão doce: simples assim

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Imagem - redes sociais
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Em se tratando de cozinha, Vovó Cocota foi uma revolucionária. Era dada a invencionices culinárias.  Gostava especialmente de confeitaria. Tudo virava doce na cozinha dela. Dá pra fazer doce de jiló? Sim. Vovó fazia. Até serviu a iguaria no casamento dos meus pais. 
Tinha mãos de fada. A inspiração vinha da cozinha da Fazenda do Macuco, onde cresceu. Vinha também das raízes ibéricas. A família veio de Portugal, país que conheceu aos 90 anos. Por lá,  fartou-se com pastéis de Belém, ovos moles, ovos nevados e muitas outras delícias desta doçaria maravilhosa. Tudo isso criado nos conventos portugueses. 
Ontem, o Fabio Babero puxou o fio da minha memória afetiva. Embora a receita de doce de aletria que ele publicou nas redes sociais não seja a da nossa família, fiquei encantada e comovida ao assistir o vídeo. Ótimo, por sinal. 
A nossa receita tem os dois pés no Oriente Médio. Vovó Cocota aprendeu com um parente libanês. Sei que você deve estar queimando os miolos, sem entender o que é essa tal de aletria. Simples como os doces da Vovó. Aletria é um macarrão bem fininho. Muita gente o conhece como cabelinho de anjo. 
O doce, eu diria, é de uma simplicidade franciscana. Basta juntar o macarrão ao leite fervido com açúcar, raspas de limão e gemas de ovos. Deixar que cozinhe em fogo médio até que esteja mole. O doce é servido frio ou gelado.  Quer saber o final desta história? Você vai comer de joelhos. 
E por falar em simplicidade, acredite, essa é a chave para o sucesso. E olha que não estou falando só de cozinha. Serve pra tudo nesta vida. Há pouco tempo assisti a uma aula sobre “linguagem simples”. Trata-se de uma técnica de comunicação. O objetivo é tornar os textos mais acessíveis e fáceis de ler e entender. Sabe aquela eterna queixa sobre o “juridiquês”? Pois, então! “Data venia”  tem também o “mediquês” …  são muitas as linguagens inacessíveis  aos simples mortais. 
Se você tá achando que mudar essa cultura é simples, garanto que não é não. A linguagem simples vai além do se fazer entender. É também uma causa social.  Defende o acesso efetivo da cidadã e do cidadão aos direitos e deveres inerentes a cada um. 
Mas quando o texto é simples? Quando a pessoa encontra rapidamente o que procura, quando entende imediatamente o conteúdo e quando consegue aplicar com facilidade a informação. 
Pesquisas mostram que três a cada 10 brasileiros adultos têm dificuldade de entender textos simples. Assustador, né mesmo? Tem mais. Apenas 12% da população brasileira entre 16 e 64 anos são proficientes em leitura, com capacidade para entender textos complexos. 
Tá vendo como não é simples? Pois, então! Que cada um faça a sua parte. Porque, não sei se me fiz entender, a linguagem é, sim, espaço de poder. 
Ihhhh! Agora é que me dei conta que nessa nossa conversa aqui fui de alhos a bugalhos. Mas antes de voltar pra cozinha, vou deixar aqui o endereço da Rede Linguagem Simples. Vai que você se interessou, né? Tá ai: www.redelinguagemsimplesbrasil.org . 
Tem também o vídeo do Fábio Barbero.  Você o encontra no instagram: @fabiobarbero. Vale muito a pena segui -lo. Os vídeos dele são ótimos. A trilha sonora e os textos-legenda também. 
Quanto a receita de família, só digo uma coisa: faça. 

Doce de aletria 
Ingredientes 
• 1 litro de leite 
• 300 g de açúcar 
• 250 g de aletria (macarrão cabelo de anjo) 
• 3 gemas batidas 
• Raspas de limão (opcional) 
• Canela em pó

Modo de fazer: 
Coloque o leite para ferver com o açúcar. Acrescente o macarrão deixando cozinhar em fogo médio até amolecer. Retire do fogo. Passe as gemas por uma peneira, dissolvendo com um pouco de leite. Adicione ao macarrão. Junte as raspas de limão. Misture bem. Sirva em compoteira. Polvilhe com canela.

1 COMMENT

  1. Um dia quero experimentar essa receita, parece deliciosa e simples como você mesma disse. Obrigada, já estou seguindo o Fábio Barbeiro.
    “Adoro as histórias da vovó Cocota”.Onde ela estiver deve estar feliz com essa neta tão talentosa😊

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