Que frio, heim? Faz tempo que a gente não vivia um inverno assim. Muita gente discorda, mas eu gosto. Não do frio em si. Gosto de me sentir envolvida pelos cobertores. Vai ver é saudades dos abraços. Gosto do café quentinho quando acordo. Amo o chá bem quentinho servido pela Denise antes que o sono chegue.
Tem outra coisa. Não posso ver alguém dormindo que lá vou eu ajeitar os cobertores. Nas noites de inverno a Mamãe me cobria. Eu amava. Hoje repito o gesto.
Se lembra minha mãe, inverno também traz meus avós pra mais perto. A gente acordava na casa deles. Não dava outra. Bem cedinho todo mundo já estava no curral. Ali acontecia um ritual. Vovô Nenen servia. O leite vinha direto do peito da vaca pra nossas canecas. Era então que acontecia a mágica. O líquido quentinho e espumoso se misturava ao conhaque denso, dourado e perfumado. Vovó dizia que era fortificante. Eu amava aquilo.
Há muitas outras memórias. Baús cheios delas. Todos lotados. Lembro das coroações. Mamãe nos vestia com várias camadas de roupas. Por cima ia camisola de cetim ornada com as asas. Éramos anjos. A gente acreditava. Depois da coroação vinham os leilões no adro da igreja. Galinhas, biscoitos, bolos, pencas de laranjas e de mexericas. Também era tempo das fogueiras, das festas juninas.
Ah, quer saber? Inverno é mesmo a minha estação preferida. E olha que eu ainda nem falei das comidinhas caldosas, daquelas beeem suculentas? Galinhada, polenta, vaca atolada, caldos, sopas … Huummm! Quem resiste? Amo sopas. De tudo. Com tudo. Um querido, morador das terras cariocas, portanto, amante do verão, publicou uma crônica assinada pelo jornalista e professor de literatura brasileira, Henrique Rodrigues. O texto, eu diria, desdenha um pouco da sopa. Com a palavra, o autor:
“A sopa é um indicador de envelhecimento. Serve de marco divisório de nossa jornada da vida.”
Tem mais. Henrique diz que é incabível ouvir alguém dizendo assim: “A gente podia marcar de tomar uma sopa, né?” ou “Nossa, uma sexta-feira dessa, não vai embora não, vamo tomar uma sopa”.
Ah, Henrique, não é assim, não.
Pra você ter ideia, ele diz que a sopa não é sensual, não é fina, não une as pessoas. Discordo de novo. Sopa é tudo isso é muito mais. É reconfortante como uma fatia de bolo. Sou do tipo que quando faltam palavras oferece uma fatia de bolo. Outras vezes ofereço sopa. Dá no mesmo. Aqui nas entranhas das Minas Gerais é tiro e queda. Bolo e sopa curam tudo. Até as dores da alma.
Se esfriou um pouquinho, já chego com um convite:
- Que tal uma sopinha hoje?
Na maioria das vezes é convite aceito. Noite dessas a Gilda preparou uma sopa de galinha que eu vou lhe contar, viu? Dos deuses. De tomar de joelhos.
Precisamos repetir. Que tal hoje à noite? Parece que vai esfriar de novo.
Ah, o texto do Henrique Rodrigues foi publicado pela Revista Fórum, edição de julho de 2021. Vale a pena ler. É delicioso como uma sopa.
Marcar uma sopa, aceito, tudo bem. De ervilha ou de feijão com legumes e macarrão ou de aipim ou de fubá. Qualquer uma delas. Depois pode ser um mingau ou chocolate quente com bolinho de chuva VEGANO feito na hora, que delícia. Mas me deixe fora dos pratos que levam pedaços de animais mortos neles, do leite dos bezerros que roubamos deles e dos ovos das galinhas, tadinhas delas. Veganos não suportam animais fumegando nas panelas, sabe, porque os amamos, TODOS, vivos e felizes assim como adoramos ser.
Sandra, estou caminhando para esse caminho. Sou mineira. Por aqui, as carnes são muito presentes no nosso cardápio. É um dos nossos traços culturais mais fortes. Por isso, o desapego tem que ser aos poucos. Torça por mim. Abraços. ⚘
Torcendo por você, Gisele, mas não demore muito. “Nossos traços culturais” não podem nem devem ser mais fortes do que nossa compaixão e empatia por todos os seres. Se você já está “caminhando nesse caminho” nada impede de você “chegar lá” se não parar para pensar muito no sabor de uma carne assada que era a de um animal inteiro ANTES que adorava respirar, mas não deixaram. Animais, assim como nós, costumam ser muito mais bonitos VIVOS. Veganismo é uma tsunami do bem arrastando pessoas no mundo inteiro. Embarque nessa. Animais merecem.
https://www.sejavegano.com.br/
https://anda.jusbrasil.com.br/noticias/376454508/conheca-os-9-paises-mais-veganos-do-mundo
https://patasaoalto.com.br/saiba-de-onde-vem-a-carne-de-baby-beef-ou-vitela/
https://www.abmv.org.br/
https://www.facebook.com/medicosvegetarianos/
https://www.vista-se.com.br/docs/
Amo tudo isso…
Com esse frio, então, heim? Tudo de bom.
Sopa aqui em casa, seja no verão ou no inverno é quase que diária. Se é de ervilha, abóbora ou macarrão, daquele pequenininho, então nem se fala. A família toda adora. Vamos marcar de tomar uma sopa?
Ebaaa! Amei o convite.
Que maravilha!!!Amo tudo isso! O leite ao pé da vaca era com café por cima da espuma, meu Deus, quase chorei de saudades!!! Boas lembranças, obrigada Gisele.
Feliz em despertar as suas melhores lembranças. Quero saber se no seu também ia conhaque. Esse detalhe faz toda diferença. RS.
A M O sopa!! É isso vem de tempos de criancinha… de mocinha… e de hoje!! Concordo com você querida Gisele, sopa, bolo, queijo fresquinho, pão de queijo e cafezinho agrega corações aqui pro nosso lado! Tudibão!
E tudo com o devido respeito à cultura e ao universo!!
Chame-me para tomar uma sopa com vocês!!😋😋😋❤️❤️🌹