O governo de São Paulo começou a produzir um lote de 18 milhões de doses da Butanvac, a primeira vacina nacional contra a Covid-19 que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan. O instituto aguarda uma autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para testar o imunizante nos seres humanos para verificar sua segurança e eficácia.
“Nesta primeira etapa, o Butantan vai produzir 18 milhões de doses da vacina pronta para o uso já na primeira quinzena de junho, assim que o processo de aprovação da Anvisa for concluído. Essa produção vai alcançar 40 milhões de doses. Mas a capacidade de produção da fábrica do Butantan seguramente é para 100 milhões de doses até o final deste ano”, informou o governador de São Paulo, João Dória.
Otimista, o governador paulista afirmou que se houver velocidade na aprovação do imunizante por parte da Anvisa, o Butantan poderá produzir até 150 milhões de doses da Butanvac. Um dos grandes diferenciais da vacina é que ela vai ser produzida com insumos nacionais. Hoje, tanto a Coronavac como a vacina Oxford/AstraZeneca, que estão sendo produzidas no Brasil, usam insumos importados.
O primeiro lote de 520 mil ovos chegou ao complexo fabril do Butantan e imediatamente foi enviado às incubadoras para transferência e inoculação do vírus. A partir da próxima semana, após período de incubação em ambiente isolado, estão previstas as etapas de colheita do líquido alantóico, clarificação, concentração, purificação e inativação do vírus para a obtenção do IFA (Insumo Farmacêutico Ativo).
Tecnologia nacional
A tecnologia para obtenção do IFA da Butanvac, largamente dominada pelo Butantan, já está disponível na fábrica de vacinas contra a gripe do instituto. É usado o cultivo de cepas em ovos de galinha, que gera doses de vacinas inativadas, feitas com fragmentos de vírus mortos.
A Butanvac utiliza o vírus da Doença de Newcastle geneticamente modificado, desenvolvido por cientistas norte-americanos na Icahn School of Medicine at Mount Sinai, em Nova Iorque (EUA). O vetor viral contém a proteína Spike do coronavírus de forma íntegra.
A Doença de Newcastle é uma infecção que afeta aves e, por isso, o vírus se desenvolve bem em ovos embrionados, permitindo eficiência produtiva num processo similar ao utilizado na vacina de Influenza. O vírus da doença de Newcastle não causa sintomas em seres humanos, constituindo-se como alternativa muito segura na produção. Ele é inativado para a formulação da vacina, facilitando sua estabilidade e deixando o imunizante ainda mais seguro.
Testes clínicos
Assim que houver aprovação por parte da Anvisa, o Butantan vai iniciar os testes das fases 1 e 2, em humanos, em 1.800 voluntários. Na fase 3, feita para checar sua eficácia, será feita em 9 mil voluntários.
Os estudos da Butanvac deverão ser conduzidos em um processo muito rápido, a partir de comparativo de respostas vacinais em relação a ensaios clínicos já realizados. Por isso, o Butantan espera ter em breve a autorização para os testes.
Os ensaios clínicos da nova vacina deverão durar cerca de 20 semanas. Serão feitos com voluntários adultos a partir de 18 anos de idade. Tanto quem já tomou a vacina quanto quem já teve a Covid-19 poderão ser incluídos nos testes.
Com informações do Governo de São Paulo
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