Dia desses meus olhos se encantaram com uma belezura publicada pela Juliana Duarte, chef do restaurante Cozinha Santo Antônio. Lá pela hora do almoço, pra aguçar o apetite dos comensais, Juliana “ostentou” vários molhes de taioba amarrados com tiras de embira.
Se me fez salivar, a imagem ainda trouxe conforto à minha alma e alegria ao meu coração. Lembrou meu pai. O Velho Osvaldo não abre mão de amarrar, um a um, os molhes de couve, salsinha, cebolinha e de outras verduras que ele colhe na horta pra nós presentear.
E aí dá-lhe sofrimento na hora de desfazer os nós, em desatar os laços. Nesse momento, a minha “porção Vovó Cocota” grita. Se eu sofro em desamarrar os molhes, a Vovó tinha dó de se desfazer dos papéis e das fitas dos presentes que ganhava da família e dos amigos. Guardava tudo bem dobradinho.
Nos nossos aniversários lá vinha a Vovó com um presente cuidadosamente embrulhado. Nos papéis e nas fitas os vincos eram visíveis e atestavam o cuidado com que tinham sido guardados. Ainda posso sentir o perfume do pó de arroz cashmere bouquet que vinha com os presentes. Vovó usava. Aliás, até abusava. Sabe uma gueixa? Pois, é!
Ihhh, abstrai. E você deve estar aí se perguntando que diabos (ops, mil perdões, Padre Adriano!) é essa tal de embira. Nada mais, nada menos que uma fibra comum em algumas espécies de plantas. Papai usa a da bananeira. Provavelmente, o fornecedor da Juliana, também.
Ah, embira também pode ser usado como verbo e substantivo. Em algumas regiões é comum se dizer que “a pessoa está na embira”, ou seja, encontra-se em dificuldade. Pra facilitar, é o mesmo que dizer que o fulano ou a fulana de tal está na pindaíba. Cruz, credo! Quanto ao verbo, sugiro não flexionar, que é pra gente não cair no risco do ” eu embira, tu embiras… nós embiramos”.
Pra resumir, se a embira toca o meu coração, torço pra que o verbo e o substantivo não se apliquem ao momento de quem generosamente me lê. Nem ao meu. Vade retro!
Crônica deliciosa de ler. Amei como sempre.
Me deu vontade de ver essas verduras amarradinhas com imbira. Não conhecia essa forma de amarrar as verduras. Aprendendo sempre com suas crônicas.
Boa demais essa. Meu avô materno também era adepto das embiras. E o Dalla cantava nas suas músicas. E viva Minas Gerais!
Embira só da planta! Xô mau agouro!
Amo tudo isso!