Num feito inédito na história da humanidade, pelo menos seis vacinas contra a Covid-19 deverão estar disponíveis até dezembro, o que significa que elas terão sido desenvolvidas num prazo recorde inferior a 12 meses. Mas como a ciência já sabe que o novo coronavírus vai sofrendo mutuações na medida em que se espalha, qual a eficácia desses imunizantes? Com tantas mudanças, é possível pensar numa vacina universal contra esse vírus?
Cientistas da Universidade de Tufts, em Massachusetts (EUA), descobriram que, sim, é possível. Ao analisar mais de 18 mil amostras do novo coronavírus, eles concluíram que a maior parte das mutações que o vírus sofre não ocorrem em áreas essenciais, aquelas que codificam as proteínas usadas para infectar células humanas e sustentar a reprodução viral.
“Analisamos as sequências de Sars-CoV-2 amostradas desde o início da pandemia e descobrimos que as mutações foram raras, indicando que as vacinas candidatas em potencial deveriam abranger todas as variantes circulantes”, diz trecho de um artigo sobre a pesquisa que foi publicado na revista da Academia Nacional de Ciências dos EUA (PNAS).
“Nossos resultados sugerem que, até o momento, a diversidade limitada observada no Sars-CoV-2 não deve impedir que uma única vacina forneça proteção global”, diz outro trecho do texto, que é assinado pelos 11 médicos responsáveis pela pesquisa.
As várias vacinas
Desenvolver uma vacina é um processo longo, pois para confirmar sua eficácia e segurança, uma vez que ela será aplicada em milhares de pessoas, são necessárias vencer várias etapas. A última delas é a testagem em massa em seres humanos. Geralmente, é um trabalho de anos.
Por conta da pandemia do novo coronavírus, e pelo estrago que o vírus vem provocando em todo o planeta, a ciência vem se esforçando para encontrar, o mais rápido possível, um imunizante que seja capaz de devolver a normalidade para a vida das pessoas.
Com os avanços da tecnologia e com o investimento de bilhões, estão sendo desenvolvidas hoje, em todo o mundo, cerca de 170 vacinas. Algumas já estão na chamada Fase 3, que é de testagem no grande número de pessoas, exatamente para confirmar resultados das testagens anteriores, para atestar que elas produzem anticorpos contra o vírus e não representam riscos para o ser humano.
Quatro dessas vacinas já estão em fase de testes em voluntários brasileiros, com previsão de conclusão até o final de outubro. Uma delas é a da Universidade de Oxford, que está sendo desenvolvida em parceria com o laboratório AstraZeneca. A outra é a Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac.
A americana Pfizer e o laboratório alemão BioNTech desenvolvem uma vacina em conjunto que também está sendo testada no Brasil. A também americana Johnson & Johnson é outra que iniciou testes finais de seu imunizante em brasileiros. Todas essas quatro devem estar aprovadas até o final do ano, com a possibilidade de que algumas (Oxford e Sinovac) comecem a ser aplicadas em dezembro.
A Rússia, o primeiro país do mundo a registrar uma vacina contra a Clovid, também anunciou que fará testes de seu imunizante em 10 mil brasileiros. O laboratório chinês Sinopharm está desenvolvendo duas vacinas, que já estão na última fase de testes em 15 mil voluntários nos Emirados Árabes, mas anunciou que ela será testada também em brasileiros.