Uma pesquisa realizada por professores de Ribeirão Preto mostrou que o fumarato de tenofovir, substância que é o princípio ativo de um medicamento antiviral produzido no Brasil, o tenofovir, inibe a replicação do vírus SARS-CoV-2, que causa a covid-19. O efeito do medicamento verificado em células infectadas com o vírus é similar ao de outro antiviral, o remdesivir, que foi aprovado recentemente para uso nos Estados Unidos.
O principal efeito do tenofovir, assim como o remdesivir, é reduzir o tempo de internação dos pacientes com a covid-19, o que representaria um enorme ganho para o sistema de saúde. A pesquisa está sendo realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) e na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, ambas da Universidade de São Paulo (USP).
O professor Norberto Peporine Lopes, um dos responsáveis pela pesquisa, conta que quando foi divulgada a estrutura da enzima do vírus que seria o alvo do remdesivir, foi feito um estudo de química computacional com o fumarato de tenofovir, mostrando que ambos se ligam ao vírus pelo mesmo sítio ativo. “Por serem moléculas da mesma família, acreditamos que tivessem ação similar”, explica o professor.
Leia também:
A cura: poema para acalmar a alma em tempos de Covid-19
Os resultados positivos, entretanto, como informa o professor Norberto, foram verificados em laboratório e serão necessários testes clínicos para confirmar o efeito antiviral do tenofovir e se ele é superior ou inferior ao do remdesivir.
Se comprovada a eficácia do remédio para o tratamento da covid-19, seria um grande ganho para o Brasil, uma vez que o país não tem a patente para produzir o remdesivir. Já no caso do tenofovir, conforme o professor Norberto, o Brasil tem muito mais autonomia para produzir a medicação.
As conclusões do estudo dos professores de Ribeirão Preto foram publicadas em artigo no Journal of the Brazilian Chemical Society, editado pela Sociedade Brasileira de Química (SBQ).
Rússia
O governo da Rússia aprovou um remédio para o tratamento de pacientes com a Covid-19, que começará a ser usado nos hospitais do país a partir do próximo dia 11. Registrado com o nome de Avifavir, o medicamento foi usado, na fase de teste clínico, por 330 pessoas e mostrou, segundo o fabricante, que o vírus foi tratado com sucesso, na maioria dos casos, em quatro dias.
Com Jornal da USP