O primeiro extrato de canabidiol desenvolvido no Brasil já pode ser encontrado nas farmácias brasileiras. O medicamento, que é derivado da
Cannabis sativa, a maconha, foi desenvolvido pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), e fabricado pelo laboratório Prati-Donaduzzi, no Paraná.
O canabidiol é indicado para o tratamento de epilepsia, esclerose múltipla, doença de Parkinson, esquizofrenia, ansiedade, fobias sociais e vários outros distúrbios psiquiátricos e emocionais.
Atualmente, o único canabidiol disponível no mercado nacional é o Mevatyl (ou Sativex), que é produzido pela empresa britânica GW Pharma. Entretanto, ele é indicado apenas para tratamento de espasticidade (contrações musculares involuntárias) relacionada à esclerose múltipla.
Já o produto brasileiro foi registrado como um fitofármaco (fármaco de origem vegetal) sem indicação clínica pré-definida. O que significa que ele pode ser receitado para qualquer condição em que o canabidiol seja considerado potencialmente benéfico para o paciente.
“A indicação fica a critério do médico”, afirma Antonio Zuardi, professor titular de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, um dos pioneiros da pesquisa com derivados da maconha no Brasil e no mundo. Mas ele lembra que o Conselho Federal de Medicina (CFM) recomenda o uso do canabidiol de forma “compassiva”, depois que todas as alternativas convencionais de tratamento já tiverem sido testadas sem sucesso.
Relacionadas
Universidade fará estudo inédito sobre maconha medicinal
Anvisa aprova regulamentação da maconha medicinal
Remédio controlado
O Canabidiol brasileiro foi liberado para comercialização pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 22 de abril, e os primeiros lotes foram entregues ao mercado por volta do dia 10 de maio. A venda do produto, entretanto, está condicionada a apresentação de receituário tipo B (azul), de numeração controlada.
O canabidiol (CBD) é uma das várias substâncias presentes na maconha (chamadas canabinoides) que agem sobre o sistema nervoso central (especialmente no cérebro), e que são pesquisadas em laboratórios de todo o mundo.
O Brasil é pioneiro na identificação e pesquisa desses canabinoides. O laboratório chefiado pelo professor Antonio Zuardi foi o primeiro no mundo a demonstrar os efeitos ansiolíticos (calmantes) e antipsicóticos do canabidiol, ainda nas décadas de 1970 e 1980. O grupo de professores da Universidade de Medicina de Ribeirão Preto é o que mais produz trabalhos científicos sobre o canabidiol no mundo.