O Boas Novas já contou a história do jovem holandês Boyan Slat, de 25 anos, que criou uma ONG, a Ocean Cleanup, em 2013 e, ano passado, iniciou uma grande operação para limpar os oceanos do lixo plástico, um dos grandes desastres ambientais da humanidade. Agora o jovem quer livrar 1.000 rios ao redor do mundo do plástico, porque descobriu que eles são responsáveis por 80% da poluição por plásticos que chega aos oceanos.
E o trabalho já começou. Sua ONG lançou oficialmente em outubro do ano passado uma nova embarcação, que vinha sendo desenvolvida desde 2015, que recolhe o lixo plástico dos rios para ser reciclado. Batizada de The Interceptor, a embarcação é ecológica e 100% movida a energia solar, com baterias de íon-lítio integradas que permitem operar dia e noite sem ruído ou fumaça.
A embarcação fica ancorada no leito do rio e utiliza o fluxo natural da água para capturar o plástico e foi projetada para operação autônoma 24 horas por dia, 7 dias por semana, eliminando a necessidade de trabalhos manuais perigosos.
De acordo com a ONG, sua barreira flutuante que é usada para direcionar o lixo para o sistema de captação abrange apenas parte do rio; não interfere na navegação de outras embarcações e não prejudica a segurança, nem impede o movimento de animais selvagens – requisitos críticos ao operar nos principais rios. Um computador de bordo conectado à Internet monitora o desempenho do sistema, uso de energia e integridade dos componentes.
The Interceptor
O Interceptor coleta lixo estendendo uma barreira permeável na água no meio do rio. Uma correia transportadora na frente do Interceptor retira o plástico da água, que é depositado em seis lixeiras que podem ser monitoradas remotamente por uma equipe em terra.
Uma vez cheias, as lixeiras – que ficam em uma barcaça separada – são removidas por outro barco e levadas para terra para reciclagem. Cada embarcação tem capacidade para recolher entre 50 mil e 100 mil quilos de lixo por dia.
Dois Interceptores já estão em operação. Um em Jacarta, na Indonésia, e outro em Klang, na Malásia. Um terceiro sistema está no Vietnã para ser instalado em Can Tho, no Delta do Mekong, e um quarto será implantado em Santo Domingo (República Dominicana).
Além desses locais, a Tailândia se inscreveu para implantar um Interceptor perto de Bangcoc, e outros acordos estão prestes a ser concluídos pela ONG Ocen Cleanup, incluindo um em Los Angeles, nos Estados Unidos.
A meta do jovem é que a limpeza de boa parte desses 1.000 rios esteja concluída até 2025. “Para realmente livrar os oceanos do plástico, precisamos limpar os rios e fechar a torneira, impedindo que mais plástico chegue aos mares. Combinando nossa tecnologia de limpeza oceânica com o Interceptor, as soluções agora existem para abordar os dois lados da equação ”, explicou o jovem Boyan Slat.
Desses mil rios que a Ocean Cleanup identificou como os que mais mais despejam lixo plásticos no oceanos, aproximadamente 50 estão nas regiões litorâneas do Brasil.
Relacionadas
Jovem de 25 anos começa a livrar oceanos do lixo plástico
Canoas de garrafas pet ajudam pescadores carentes
Poluição oceânica: custos bilionários
Um estudo conduzido pela ONG mostra que os custos econômicos da poluição do lixo plástico nos mares são estimados entre US$ 6 bilhões e US$ 19 bilhões por ano. Isso por conta de seu impacto no turismo, na pesca, aquicultura e nas limpezas que são promovidas por governos. Esses custos não incluem o impacto na saúde humana e no ecossistema marinho.
No mapa interativo feito pela Ocean Cleanup é possível ver onde estão os 1.000 rios que mais poluem os oceanos com lixo plástico.
Abaixo, vídeo feito pela Ocean Cleanup mostra como funciona o The Interceptor: