Rapaz monta biblioteca ao ar livre para manifestantes

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Os livros do bibliotecário do Sudão

Abdirahman Moalim saiu pela primeira vez ao lado de fora do quartel-general do Exército do Sudão, em Khartoum , para se juntar a milhares de seus compatriotas ao pedir que Omar al-Bashir renunciasse à Presidência. Mas Moalim, um bibliotecário de profissão, viu que ele poderia fazer mais.

“Eu vi que a maioria dos manifestantes eram jovens. No local, eles só tinham seus telefones e estavam entretidos com o aparelho. Eu então pensei que, se eu trouxesse livros, eles puderiam ler e protestar ao mesmo tempo”, disse Moalim, também chamado de Kabila, à Al Jazeera.

Kabila, que trabalha na biblioteca Modern Kabo, em Khartoum, logo percebeu que livros os manifestantes queriam ler. “Eles leem principalmente livros sobre política e poder. Quase ninguém lê livros de ficção.”

Bibliotecário há mais de 14 anos, Kabila ficou surpreso com a velocidade da mudança que ele está testemunhando em seu país. Os manifestantes forçaram os militares a remover al-Bashir como presidente em 11 de abril. “Toda a minha vida eu conheci apenas um líder. Um líder ruim. Dos livros que lemos à nossa vida cotidiana, al-Bashir afetou nossas vidas de uma forma ruim”, disse ele, enquanto um grupo de jovens manifestantes se sentava lendo livros.

Livros sobre revoluções

Muitos livros, especialmente aqueles sobre o conflito em Darfur, no oeste do país, e outros sobre revoluções em todo o mundo eram difíceis, se não impossíveis, de se encontrar nas prateleiras das livrarias da capital sudanesa, de acordo com Kabila.

“Eles eram paranóicos. Tinham medo de que as pessoas descobrissem o que estava acontecendo. Eles queriam manter as pessoas no escuro”, acrescentou, enquanto um grande grupo de manifestantes cantava canções pedindo que os militares entregassem o poder a uma autoridade civil.

A biblioteca ao ar livre não tem prateleiras ou estantes com livros espalhados em linhas retas no asfalto. Os manifestantes escolhem o livro que gostam e leem na rua mesmo.

Outros escolhem se agachar. Arif Abdala encontrou a biblioteca há pouco tempo e não consegue se afastar dos livros. “É a minha primeira vez aqui e eu gosto muito disso. Tantos bons livros para ler. Muitos deles não estavam disponíveis antes”, disse a professora da escola primária de 27 anos, que estava com a autobiografia do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela.

Nem todos os manifestantes que vieram para a biblioteca ao ar livre de Kabila a encontraram por acaso enquanto caminhavam pelo local.

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