A brasileira Márcia Andrade Braga, capitã-de-corveta, recebe hoje (29/03), em Nova Iorque, o prêmio Defensora Militar da Igualdade de Gênero das Nações Unidas, pelo trabalho que vem realizando na Missão de Paz da ONU na República Centro-Africana.
O prêmio foi criado em 2016 para reconhecer a dedicação e o esforço de membros das forças de paz na promoção dos princípios da Resolução 1325 do Conselho de Segurança sobre mulheres, paz e segurança.
A militar brasileira, que é também professora, integra a missão de paz no país africano desde abril de 2018. Nesse tempo, ajudou a construir uma rede de assessores treinados para questões de gênero nas unidades militares do Estado.
Segundo a ONU, as equipes de engajamento formadas por Márcia conseguiram reunir informações importantes para ajudar a missão a entender as necessidades de proteção de homens, mulheres, meninos e meninas.
A entidade também explica que o treinamento coordenado pela brasileira tem colaborado no desenvolvimento das comunidades locais em situação vulnerável, uma vez que o país africano enfrenta confrontos há cerca de dois anos.
Entre os projetos que apoiam comunidades vulneráveis estão a instalação de bombas de água perto de vilarejos, sistemas de energia solar e o desenvolvimento de hortas comunitárias para que mulheres não tenham que percorrer grandes distâncias em busca de alimentos.
Mais mulheres
Segundo a ONU, dos quase 12 mil militares da Missão de Paz na República Centro-Africana (Minusca), apenas 3% são mulheres. Para Márcia, a entidade precisa de mais mulheres para ajudar a manter a paz, inclusive para que as mulheres locais possam falar mais abertamente sobre os problemas que afetam suas vidas.
Para o subsecretário-geral do Departamento de Operações de Paz, Jean-Pierre Lacroix , a brasileira Marcia é um excelente exemplo do porquê a ONU precisa de mais mulheres para ajudar na manutenção da paz. “A manutenção da paz funciona efetivamente quando as mulheres desempenham papéis significativos e quando as mulheres nas comunidades anfitriãs estão diretamente envolvidas”, explica o subsecretário.
O prêmio para a brasileira será entregue pelo secretário-geral das Nações Unidas, o português Antônio Guterres, durante a Conferência Ministerial de Forças de Paz, na sede da ONU.
Confrontos
Desde maio de 2017, República Centro-Africana vive clima de instabilidade diante de confrontos entre civis, milícias e militares. Conforme informações da ONU, os ataques no país deixaram pelo menos um milhão de pessoas deslocadas e cerca de 573 mil refugiados na região.
No vídeo abaixo, divulgado pela ONU, a capitã Márcia Andrade Braga fala mais um pouco de seu trabalho na Missão de Paz.