Em um passado não tão distante assim, ver algumas partidas de futebol era algo difícil. Para acompanhar seu clube de coração, a única opção era mesmo ir ao estádio. Nos jogos fora de casa, era ouvido no radinho de pilha ou, muito eventualmente, com sorte, era possível ver uma partida com transmissão pela TV, normalmente em decisões ou fases avançadas dos campeonatos.
Obviamente, os tempos mudaram — e muito. Os canais abertos passaram a incluir definitivamente em suas grades os jogos e o pay-per-view tornou possível ver seu time pela TV mesmo que ele jogue em casa. Os campeonatos estrangeiros também tomaram conta da programação, o que acrescentou demais para todos os envolvidos, de torcedores a jornalistas.
Mas os tempos mudaram ainda mais. Recentemente, além dos óbvios principais torneios, passou a ser comum a transmissão de jogos das divisões inferiores brasileiras, algumas partidas de segunda divisão estadual e campeonatos estrangeiros de tudo o quanto é jeito. Portanto, bastava ter um pacote de TV a cabo caprichado para ver futebol 24 horas por dia.
E não é que isso mudou radicalmente recentemente? Nos deparamos com alterações significativas nesta nova temporada europeia, que começou em agosto e vai até maio. Alguns dos campeonatos que a gente tinha o costume de ver pela TV não estão mais por lá e, de repente, brotaram opções nas nossas mãos. E, em um primeiro momento, para mim, pelo menos, isso é uma ótima notícia.
Computador e celulares em mãos
No último mês, a Supercopa da Europa, disputada entre o campeão da Champions League (Real Madrid) e o vencedor da Liga Europa (Atlético de Madrid), foi transmitida pelo Facebook do Esporte Interativo. Teve muita gente com os celulares em mãos, com computadores ligados em todos os cantos. Incluindo pré-jogo, intervalo e encerramento, foram 3 horas e meia de transmissão, com mais de 2,4 milhões de visualizações, 110 mil comentários, 14 mil compartilhamentos e 168 mil reações.
Claro que vão existir reclamações como algumas “travadas” na imagem e picos de sinal da internet, entre outras questões com todas as justificativas corretas, mas acho que serão amenizadas com o passar do tempo. Nesta semana, com o início da fase de grupos da Champions League, o que não faltou foi jogo para ser visto na internet. E menos reclamações foram registradas.
A Uefa também está investindo na transmissão pela internet de campeonatos com baixa exposição em TV, como os das categorias de base e Champions League feminina — além disso, imagens exclusivas da Champions masculina cada vez mais vão aumentando sua exclusividade para o streaming.
Esse mercado também se aquece no Brasil e vai ficar a dúvida sobre como será a sobrevida das TVs por assinatura. Em vários cantos do mundo, ela está sendo substituída pelos aplicativos de venda direta.
Muitos vão se assustar com essas novidades, mas não dá para negar o fato: vai ficar mais fácil ver futebol. No seu celular, no seu computador, em sua smart TV. Não importa. Para quem ama o esporte, opções não vão faltar. Pode preparar para assinar o Campeonato Búlgaro ou o da Nova Zelândia. Em breve, eles vão estar na sua telinha. O futebol é do mundo!
Quando o VAR é mal utilizado
Sou um defensor confesso do uso da tecnologia no futebol. Tudo o que puder ser feito para evitar erros no jogo deve ser utilizado. A Copa do Mundo deu respostas bem claras, com a correção por meio do VAR (sigla para Video Assistant Referee, o famoso árbitro auxiliar de vídeo) de alguns lances não observados ou marcados de forma equivocada pelo juiz em campo.
Na Premier League, o melhor campeonato nacional do planeta, outro tipo de tecnologia evitou várias injustiças: o chip na bola, que aponta diretamente ao árbitro quando a redonda ultrapassa totalmente a linha e entra no gol. O VAR ainda vai ser implantado por lá, mas vários gols foram marcados com essa ajuda, o que, certamente, foi importante para a classificação final das competições.
O início do uso do VAR em jogos da Copa do Brasil e da Libertadores foi uma das melhores notícias dos últimos tempos para o combalido futebol praticado no Brasil e na América do Sul. Na última terça, acertou em cheio ao expulsar Núñez, do Atlético Tucumán, da Argentina, que pisou em Alisson, do Grêmio, em lance não observado pelo árbitro.
No dia seguinte, porém, uma pisada na bola catastrófica no jogo entre Cruzeiro e Boca Juniors. A bizarra expulsão do zagueiro Dedé em lance com interferência do VAR comprovou que não basta ter a nova tecnologia, tem que ter competência para saber usar o recurso.
O que aconteceu, como era de se esperar, causou as habituais brincadeiras de todos os lados, praxe no futebol. Os torcedores estão em seu papel de fazer todas as provocações possíveis. Mas, fora dos campos, os clubes, mais do que nunca, precisam se unir para ter forças para profissionalizar os árbitros, para lutar por um calendário melhor e para equalizar a distribuição do dinheiro dos direitos de transmissão, entre outros fatores.
O uso da tecnologia é fundamental para o futuro do futebol. Cabe aos clubes, unidos, dar o suporte para tudo funcione da melhor maneira. O que acontece em um dia com um clube, pode acontecer com o outro na semana seguinte. Que os dirigentes tenham bom senso!
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