“Why you like the wines you like” (por que você gosta dos vinhos que você gosta, na tradução livre)? Essa pergunta do mestre do vinho Tim Hanni me tirou o sono ontem à noite. Enquanto conversava com Cissa sobre nosso prazer em comer e beber, descobrimos que temos o mesmo vinutipo. Somos sensíveis! Fiquei imaginando o que me fez gostar de cada comida que gosto.
Certamente, não tenho o gene que despreza coentro, mas não acredito que um gene tenha me feito gostar de codorna ao molho de rosas. O cupido que me flechou foi Tita, a cozinheira passional de “Como Água para Chocolate”.
A mania de gostar de sabores inusitados é culpa do Sítio do Pica-Pau Amarelo e do Gilberto Gil. Até hoje acredito que descobrirei uma bananada de goiaba ou uma goiabada de marmelo e por isso vivo misturando doce com sal, fruta com carne e, por que não, bacon com chocolate.
Nunca mais comi um bolo de chocolate com a mesma boca depois que assisti “Matilda”. Também passei a decretar que em dias de domingo e preguiça a comida obrigatória é lasanha. Afinal, todos temos direito a um momento Garfield.
Há um tempo, quando a vida me pegou de jeito e eu estava numa fase “comer, rezar e amar”, reservei uma semana para rever filmes que tinham comidas que eu nunca havia comido. Durante a maior dor de cotovelo da minha vida, resolvi rever “Noiva em Fuga”, por causa dos ovos Benedict.
Claro que precisei descobrir qual era meu tipo de ovo favorito. Uma mulher que não sabe seu ovo favorito sabe o quê de si mesma? Coincidentemente ou não, quando descobri que minha preferência era ovo mollet, conheci meu marido e estamos juntos desde então.
Quando casamos com um descendente de italiano, passar a semana sem pasta é tarefa quase impossível. Confesso que, antes de casar, comida italiana quase nunca era minha primeira opção, mas o amor transforma! Para agradar o marido, a comida do jantar de hoje será ravióli de grana padano com molho de tomates e canela.
Para facilitar sua vida, compre a massa fresca em folhas (como se fosse para lasanha). Eu encomendei uma massa verde, pois queria o contraste das cores. Use o creme de grana padano para rechear os raviólis.
Se você nunca fez massa fresca e gostaria de umas dicas de como preparar, minha sugestão é o canal Pasta Grannies. Esse é um projeto fantástico que busca catalogar e preservar a tradição culinária das famosas “nonnas” italianas.
Como preparar o ravióli de grana padano
Creme de Grana padano
- 300g de creme de leite fresco
- ½ cebola picada em cubos pequenos (0,5 x 0,5cm)
- 2 ramos de salsão
- 100g de parmesão granapadano
- 1 xícara de vinho branco seco
- 15g de manteiga sem sal
- 15g de farinha de trigo
Doure a cebola no azeite e acrescente o salsão e o vinho. Quando o vinho reduzir até a metade, retire o salsão e acrescente o creme de leite. Quando ferver, adicione o queijo e misture até derreter.
Numa frigideira, derreta a manteiga e adicione a farinha, misture até formar uma pastinha (o nome disso é roux). Adicione o roux no molho de queijo e misture até engrossar bem.
Leve para a geladeira e espere resfriar bem e assumir uma textura mais firme. Coloque esse creme mais firme num saco de confeiteiro e forme bolinhas sobre a massa fresca para formar os raviólis, conforme o vídeo da Pasta Granies.
Ferva a água e cozinhe os raviólis conforme indicação do fabricante da massa fresca. Os meus cozinharam por 6 minutos.
Molho de tomate com canela
- 400g de tomate pelati
- 1 cenoura em rodelas
- 1 cebola
- 3 dentes de alho
- 1 canela em pau
- manjericão
Refogue a cebola, o alho e a cenoura. Acrescente o tomate pelati, a canela e deixe cozinhar em fogo baixo por 40 minutos. Retire a canela e depois bata tudo no liquidificador. Volte o molho para a panela, acrescente o manjericão e abafe, com o fogo apagado, por 5 minutos.
Coloque o molho no prato, disponha os raviólis e finalize com mais molho, parmesão ralado e manjericão fresco
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Para ler as crônicas e as receitas de Marina Cunha, acesse a página da coluna Cozinhas Gerais!