Empreendedor de sucesso, mineiro hoje vende otimismo

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Geraldo Rufino Otimismo
O empreendedor Geraldo Rufino fatura cerca de R$ 50 milhões/ano com a JR Diesel/foto - Nick Saiker
O empresário Geraldo Rufino em sua fábrica JR Diesel, em Osasco, na Grande São Paulo – fotos – Nick Saike

Otimismo é principal insumo do empreendedor mineiro Geraldo Rufino

A história do empreendedor Geraldo Rufino, natural de Campos Altos, pequena cidade do Triângulo Mineiro, já é conhecida. Nos últimos anos, ele tem percorrido o Brasil e outros países para falar de sua trajetória vitoriosa, que começou aos 8 anos, como ensacador de carvão e catador de latas num lixão de São Paulo, até fundar, em 1985, a JR Diesel, empresa de desmanche legal de caminhões, que hoje fatura mais de R$ 50 milhões por ano.

O caminho até o sucesso foi cheio de pedras. Aos 8 anos, perdeu a mãe, dona Geralda Rufino, que ele diz ter sido a sua mentora, ou, como gosta de brincar, sua coaching. Ela ensinou a ele e aos nove irmãos, conta Geraldo, que o sol nasce para todos, que todos são iguais, independente de raça, sexo, posição social, que as oportunidades estão ai para quem quiser abraçá-las.

“Com sete anos, minha mãe me dizia também que eu era muito bonitinho e eu acreditei”, contou o empresário às gargalhadas em palestra que fez recentemente em Belo Horizonte.

Com a auto-estima elevada, graças ao estímulo da mãe, foi à luta. Faliu seis vezes, mas todos os percalços serviram de aprendizado. Com 14 anos arrumou o seu primeiro emprego como office boy, no antigo parque de diversões Playcenter, e com 15 anos já tinha dinheiro suficiente para comprar o seu primeiro carro, um fusca.

No emprego, chegou a ser diretor, mas, por volta dos 30 anos de idade, decidiu abrir a JR Diesel, que é hoje a maior empresa de reciclagem de peças de caminhões do Brasil e da América Latina.

Diferencial

O que impressiona, e mais que isso, motiva quem o ouve nas suas divertidas palestras, é que, a despeito de o Brasil enfrentar a pior crise econômica de sua história, com grave recessão e desemprego recorde, Geraldo Rufino continua vendendo otimismo. Crise igual a essa? Não, ele nunca viu. Mas também diz que nunca viu tantas oportunidades para quem está disposto a empreender, a trabalhar.

“Se você está no fundo do poço, é o melhor lugar para se estar. Porque de lá, você não vai passar. Então, levanta a cabeça, pare de lamentar, dê um salto, saia do buraco e siga em frente”, aconselha. Apesar de reconhecer a gravidade da situação por que passa o país, o otimista Geraldo Rufino, sempre sorridente, vaticina: “Nosso problema, na verdade, é pequenino. Está em meia dúzia de gestores que nós vamos  trocar no ano que vem”.

Na sua recente passagem por Belo Horizonte, Geraldo Rufino, que está estudando a possibilidade de disputar uma vaga no Senado por São Paulo, conversou com o Boas Novas. Abaixo, confira os principais trechos da entrevista do homem que é um exemplo de otimismo, de superação, de motivação e, porque não dizer, de inspiração.

BN – O Brasil já foi apontado como o país do futuro, mas parece que esse futuro nunca chega. O país tem jeito?

Resposta – Olha, o que eu vejo é que a grande mídia tem sido muito negativa, o que faz com que os brasileiros passem a acreditar que aqui tem um grande problema. O Brasil não é um problema, é a solução do mundo. Aqui é o melhor lugar do planeta. Tudo que alguém gostaria que tivesse em seu país, absolutamente tudo, está no Brasil. E aqui nós temos a melhor coisa do mundo, que são as pessoas. O que está acontecendo agora é apenas a descoberta de maus gestores políticos. Mas nós estamos com isso há muitos anos, mas parece que só foi descoberto agora. Mas o Brasil continua aí, continua de pé.

BN – Você costuma dizer que 80% do Brasil dá certo e apenas 20% não. Quem são esses 80%?

Resposta – São as pessoas que não deixaram de fazer, de trabalhar, de empreender, apesar da crise. Você perdeu o emprego? Perdi. Mas você tem chance de empreender, de começar de novo. O fundo do poço é o melhor lugar para você estar. Costumo dizer que o fundo do poço é o lugar mais seguro. De lá você não vai passar. Mas, às vezes, a pessoa vai para o fundo do poço e fica lá esperando para saber quem a empurrou. Ninguém te empurra para o fundo do poço. Você é que desceu lá. Então, levanta a cabeça e sai. Mas as pessoas ficam muito tempo lamentando. O Brasil é muito maior do que qualquer problema que possa surgir dentro dele. Nosso problema, na verdade, é pequeninho. Está em meia dúzia de gestores que nós vamos trocar no ano que vem.

BN – Você vem dizendo que a crise é um celeiro de oportunidades. Como assim?

Resposta – A crise vai acontecer a vida inteira. Ela é um fator de mudança. A vida inteira vai ter mudança, pois, sem ela, não tem evolução, não tem tecnologia, não tem inovação. A crise é necessária para que aconteçam as mudanças. As pessoas ficam achando que a crise é um bicho papão. Ela é necessária, faz parte do processo e precisamos nos acostumar com isso. Não haverá um tempo sem crise. Mas haverá um tempo em que as pessoas vão parar de olhar para baixo e vão olhar pra cima.

BN – Ao longo de sua vida, de sua atividade como empresário, já viu o Brasil em situação tão delicada?

Resposta – Não, mas eu nunca vi tanta oportunidade de mudar. Hoje nós temos a situação mais apertada. Mas está clara a mudança. Só não será feita se não quisermos; só depende de nós. É preciso atitude, mudança de comportamento, do jeito de pensar. As pessoas precisam entender que, na maioria das vezes, o problema está nelas. Então, para de lamentar e vai fazer. O Brasil é fantástico. O Brasil viveu, sim, um período muito difícil, mas já há sinais claros da recuperação da nossa economia, já se fala em PIB (Produto Interno Bruto) positivo. Eu entendo que a crise é um presente. Eu acredito nisso.

BN –  A crise que se abateu sobre o Brasil nos últimos três anos afetou o seu negócio?

Resposta – Sim, afetou. Nosso faturamento caiu entre 2015 e 2016. Chegamos a ter uma redução de 70% e, infelizmente, tivemos que demitir funcionários. Mas conseguimos redistribuir algumas pessoas para as empresas dos meus filhos. Mas não demitimos os empreendedores. Na verdade, nunca contratamos currículos e, sim, empreendedores. Nos momentos de crise, dispensamos os currículos, aquele funcionário quem trabalha no regime CLT e faz somente o necessário. E mantivemos os empreendedores. Eles é que reestruturam a empresa, que foi o que aconteceu.

BN – Que medidas foram tomadas para enfrentar a crise?

Resposta – Nós já voltamos a crescer. Mas quando nos debruçamos para avaliar as causas da nossa queda, descobrimos que cometemos alguns erros estratégicos, fizemos movimentos inadequados, sempre com a expectativa de que a economia iria melhorar. Mas quando a economia trava, que foi o que aconteceu, seus efeitos interferem no planejamento e isso impactou o nosso faturamento. Mas não posso atribuir o nosso desempenho à crise. A crise nós é que fazemos. Na verdade, o que aconteceu é que montamos uma estratégia inadequada. Tanto que quando identificamos o ponto, o nosso erro, corrigimos e voltamos a crescer.

BN – Os brasileiros se assustaram, nos últimos anos, com o volume da corrupção no país. Você também se surpreendeu com ela? 

Resposta – A corrupção é sistemática, sempre existiu (no trânsito, no dia a dia), justamente porque o modelo de gestão política é criado com esse objetivo. Criam muitas dificuldades já com a intenção de vender facilidades. Esse modelo está aí há anos e o ser humano, especialmente crianças, vivem de exemplo. Esse esquema vem sendo copiado há muitos anos. Então, para mim, não foi um susto. Sempre esteve esse tapete lá e o lixo por debaixo. É que agora tiraram todo o tapete, o que permite às pessoas verem com mais clareza o que sempre esteve lá. Que possamos fazer a mudança em 2018. Uma hora ia ter que fazer a limpeza. Que bom que está acontecendo agora.

BN – Como enfrentar a corrupção?

Resposta – A corrupção não acaba. Mas ela não pode ser sistemática e não podemos encará-la com normalidade. O nosso maior problema é aceitar que ela seja uma coisa normal. Não é. A corrupção precisa ser encarada como uma doença e precisa ser combativa. E podemos começar a mudança escolhendo gestores com um histórico de credibilidade, de caráter, de ética. Nós precisamos colocar em Brasília, especialmente no Legislativo, pessoas confiáveis. Precisamos escolher melhor nossos representantes. Precisamos escolher aqueles que não vão vender a própria mãe. Ou a própria Pátria.

BN – Você costuma dizer que toda vez que dá um passo, se preocupa em esticar a mão e dar uma puxadinha no próximo. Como é que você tem feito isso?

Resposta – Olha, eu tenho uma página no Facebook (https://www.facebook.com/geraldorufinooficial/) e procuro entrar lá todos os dias e ficar por pelo menos duas horas falando de minha experiência e dando dicas a empreendedores. Não sou expert em nada, mas faço com carinho e passo o meu exemplo, que é de um brasileiro de origem muito humilde que deu certo. Então, tento passar um pouco do que deu certo para mim, para que as pessoas possam se inspirar. Tem muita gente precisando apenas de um empurrãozinho para poder voltar a saltar.

BN – Qual conselho você daria hoje para superar a crise, para quem quer empreender?

Resposta – comece, dentro de suas possibilidades. O que você tem hoje? Um carrinho de pipoca? Então, vá vender pipoca. Não tem nada? Vai empreender no CNPJ de outro. Você tem um diploma de engenheiro, mas não encontra emprego? Vai trabalhar de servente de pedreiro que, em breve, você vai ser o dono da obra. Comece a fazer alguma coisa. Para de lamentar e ficar esperando, terceirizando o problema, esperando que venha uma solução do espaço. Nós, cada um de nós, é que podemos fazer a diferença. As pessoas ficam muito tempo esperando uma solução do além. Ela não virá. Eu conheço uma boa parte do mundo e não consigo imaginar um país melhor que o nosso. Então, comece a fazer.

BN – Para quem quer começar um novo negócio, onde estão as melhores oportunidades?

Resposta – Em qualquer coisa que esteja dentro de suas possibilidades. Vender pipoca, limão, catar latinha. Tudo no Brasil dá dinheiro. Faça uma escolha e comece. O que acontece, muitas vezes, é que a pessoa que inicia um negócio quer começar do meio. É preciso começar pelo começo.

 

 

 

 

 

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