Produto foi desenvolvido por pesquisadoras da Universidade Federal de Viçosa
A Universidade Federal de Viçosa (UFV) acaba de conseguir patente para um sabonete feito à base de óleo de macaúba que tem, comprovadamente, efeitos cosméticos e medicinais. O novo produto é indicado para prevenir o envelhecimento precoce da pele e tem propriedades bactericida e cicatrizante, que podem combater doenças como dermatite e micose.
“Essas propriedades foram confirmadas por nossas pesquisas e o novo sabonete está pronto para ser produzido e chegar logo ao mercado”, diz a professora Marisa Alves Nogueira Diaz que, junto com a professora Virgínia Ramos Pizziolo, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular (DBB) da universidade, desenvolveu o produto. A produção e comercialização, entretanto, dependem do interesse de alguma empresa do setor privado.
Segundo a professora Marisa, o sabonete foi desenvolvido, na verdade, em 2010 e, desde então, aguardava a aprovação do pedido de patente, que foi concedida agora no início de agosto. Ela conta que a ideia do desenvolvimento do produto nasceu de uma sugestão feita pelo professor Sérgio Yoshimitsu Motoike, do Departamento de Fitotecnia (DFT) da universidade. Ele criou, juntamente com o técnico Francisco Lopes, um método para extração do óleo de macaúba que conserva todas as suas propriedades (método que também já foi patenteado).
Bactericida e cicatrizante
As professoras Marisa e Virgínia, que já realizavam pesquisas para a produção de sabonetes na universidade, aceitaram a sugestão. “Aceitamos o desafio do professor Sérgio e o resultado é um produto muito bom, com grande poder antioxidante e hidratante”, diz a professora Marisa.
O sabonete produzido pelas pesquisadoras traz em sua fórmula uma mistura com óleo de macaúba, que é rico em betacaroteno (vitamina A). Por conta disso, ele tem grande efeito na restauração da epiderme, que é a camada mais superficial da pele. Além de combater os radicais livres, prevenindo o envelhecimento precoce, a vitamina A, também conhecida como retinol, age na manutenção dos tecidos epiteliais, explica a professora Marisa.
O sabonete de óleo de macaúba também tem em sua composição substâncias com propriedades bactericida e cicatrizante, que ajudam a combater algumas doenças da pele, como dermatite e micose. “Temos um produto cujo uso contínuo ajuda na assepsia e na melhora da textura da pele, tornando-a mais suave devido ao alto poder emoliente do óleo de macaúba”, afirma a professora Marisa.
Uso veterinário
Com o mesmo óleo de macaúba as professoras Marisa e Virgínia, que são formadas em Farmácia e Bioquímica, desenvolveram também outro sabonete com ação terapêutica para prevenção e controle da mastite bovina (inflamação da glândula mamária).
Como Minas Gerais é o Estado que mais produz leite no país e a mastite é uma das principais doenças que acomete os bovinos leiteiros, esse novo produto será de grande importância para os produtores.
Também este sabonete já teve o pedido de patente depositado. Além do óleo de macaúba, leva em sua composição extrato da planta Salvinia auriculata (conhecida popularmente como mururé-carrapatinho, orelha-de-onça e salvínia, muito abundante no Pantanal) e derivados.
Sabão Rural
Desde 2009, o Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFV, que é coordenado pelas professoras Marisa e Virgínia, participa da Semana do Fazendeiro, evento anual da universidade, oferecendo o curso de Sabão Rural.
O sabão é produzido com óleo vegetal residual (o óleo de cozinha) e com plantas medicinais e de uso farmacológico e serve, segundo a professora Marisa, para lavar roupas, louças, pisos e ajudam também a combater piolhos e até sarna. (para quem quiser se aventurar, veja receita logo abaixo)
Pesquisas
O Laboratório de Bioquímica e Química de Produtos Naturais (BioNat), que é coordenado pelas professoras Marisa e Virgínia, tem mais dez pedidos de patentes depositados no INPI. As professoras e sua equipe pesquisam e desenvolvem formulações antimicrobianas, antioxidantes e antitumorais a partir da flora e de microrganismos encontrados no entorno de Viçosa e na Mata Atlântica.
Entre as plantas mais estudadas, por conta de suas propriedades antimicrobiana e cicatrizante, estão a candeia da serra, quina da serra, losna, cravo, canela e calêndula. O laboratório também tem uma linha de pesquisa com foco no câncer de pele do tipo melanoma.
Receita do sabão rural
Quer se aventurar na produção de um sabão rural? A professora Marisa Alves dá a receita, que ela ensino todos os anos na Feira do Fazendeiro, em Viçosa:
Receita básica
- Dissolver e filtrar previamente 150 g de sebo.
- Adicionar 225 mL de óleo de soja de cozinha usado e filtrado. Separadamente, dissolver 62,25 g de soda em 125 mL de água.
- Colocar o sebo e o óleo em um recipiente de plástico grande e adicionar 250 mL de álcool comercial.
- Aquecer ligeiramente e juntar a solução de soda, mexendo até ficar cremoso. Em uma forma, despejar o sabão ainda mole e deixar esfriar.
- Cortar os pedaços de sabão depois de frio.
Sabão liquido:
- 100 mL de óleo
- 100 mL de álcool
- 50 mlLde água
- 30 g de soda caustica
- 20 g de açúcar dissolvido em 10 mL de água
- 1 g de sal de cozinha dissolvido em 10 mL de água
- 40 mL de glicerina líquida
Modo de fazer
Filtrar previamente o de óleo de soja usado. Separadamente, dissolver 30 g de soda cáustica em 50 mL de água fria. Colocar o óleo em um recipiente de vidro e adicionar 100 mL de álcool comercial. Mexer, bem adicionar lentamente e mexendo a solução de soda. Adicionar a solução de açúcar e mexer bem, adicionar a solução de sal e mexer bem, por fim adicionar os 40 mL de glicerina líquida. Acrescentar água morna até 500mL Esperar arrefecer e envasar se necessário coar antes de envasar.
Ps: pode-se colocar o óleo em um recipiente de vidro e levar a banho maria ou em um recipiente esmaltado e levar diretamente ao fogo baixo. Lembrar de dissolver a soda em um ambiente aberto evitando inalar os vapores.