Um estabelecimento comercial que funciona 24 horas por dia, não tem paredes, grades, sistema de segurança e nem funcionário pode dar certo? Para a grande maioria das pessoas, a resposta é que um empreendimento assim está fadado ao fracasso.
Luiz Carlos da Rocha, um ex-açougueiro que hoje é um empreendedor, prova que, sim, é possível que um negócio assim dê certo. Cinco anos atrás ele decidiu apostar na honestidade das pessoas e diz que não tem do que se arrepender.
Abriu a lojinha Pé da Serra na zona rural do município de Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco. Nela, o cliente escolhe o produto, a qualquer hora do dia e da noite, e faz o pagamento. Se quiser pagar depois, também não tem problema.
O lugar é de uma simplicidade franciscana, mas funciona como uma espécie de secos e molhados, onde é possível encontrar picolé, água, ovos, cerveja geladinha, refrigerante, adubos, vasos, plantas. Aliás, plantas tem bastante, pois elas são outra paixão de Luiz Carlos, que tem também uma empresa de jardinagem. Mesmo com o ensino fundamental incompleto, decidiu fazer um curso para aprender a cultivar e cuidar melhor das plantas.
Honestidade: ensinamento da bisavó
Antes de decidir empreender, Luiz Carlos foi açougueiro por 18 anos. Diz que cansou da vida puxada e partiu para montar seu próprio negócio. Ou negócios. Além da loja Pé da Serra, ele é também dono de uma pequena empresa de construção civil, presidente da associação de moradores de Cova de Onça, presidente e patrocinador do time de futebol (que leva o mesmo nome da localidade) e é também youtuber.
A ideia de acreditar na honestidade das pessoas, conta Luiz, veio dos ensinamentos que recebeu da bisavó. “Fui criado por ela. Quando eu chegava com algo novo em casa, que não era meu, ela dizia: devolva!”, conta ele. “Pé da Serra é uma forma de mostrar ao povo que todo mundo pode ser honesto“, acrescenta.
A forma de pagamento dos produtos é também simples. Sobre a geladeira, onde estão armazenadas as bebidas, há uma vasilha que funciona como uma espécie de caixa registradora. Após escolher o produto, o cliente pode depositar na vasilha o valor da compra em dinheiro. Mas há também a opção de pagar com cartão de débito ou até mesmo por Pix.
Dá lucro
Mas a grande pergunta que o leitor deve estar fazendo. A Pé de Serra, que aposta na honestidade dos clientes, dá lucro? O risco de calote não é muito grande? O dono Luiz Carlos jura que o negócio é lucrativo. “Vejo o resultado porque dá para comprar mercadoria nova. Se não desse lucro, eu não conseguiria repor o estoque”, afirma.
E para quem duvida, ele completa: “Para vocês terem uma ideia, eu nunca precisei colocar dinheiro aqui”.
No vídeo abaixo, publicado no seu canal no Youtube, Luiz Carlos da Rocha fala um pouco mais de sua lojinha Pé da Serra.
Com informações do UOL/TAB – Canal youtube Luiz Carlos da Rocha
