Só se for na versão Hebert Richards

Em tempos de pandemia, com esse frio que está fazendo, tem coisa melhor que uma boa dose de “Sessão da Tarde”? Não sei você, mas eu adoro.

Se tiver uma bela fatia de bolo e uma xícara de café fumegante, daquelas de desenho animado, saindo uma fumacinha, melhor ainda. Mas pode melhorar. Imagine se com os créditos do filme vier aquela trilha sonora reativando lembranças lá do fundo da memória? “Versão Hebert Richards“. Será que é pedir demais?

Na adolescência um programa imperdível era passar parte da tarde na casa da Dorinha e da Neide. Depois de horas e horas de muitos risos e trocas de confidências, na despedida vinha o convite do pai das amigas:

• Fiquem mais um pouco. O filme já vai começar. E esse é dos “bão”, viu? É do Hebert Richers.

Por falar nisso, não por acaso, recentemente, assistindo a um episódio do The Noite, acredite, o entrevistado do Danilo Gentili era o dublador Ricardo Shnetzer. É dele a voz que está por trás da chamada dos filmes da produtora Hebert Richers. E, para o meu espanto, na mesma semana, alguém me mandou um meme. E lá veio, de novo, o bordão que consagrou o Shnetzer: ” Versão Hebert Richers“.

Geenteee! Socorro? O que é isso? “No creo en brujas, pero que las hay, las hay.” Você já ouviu alguém dizer que coincidências não existem? Será que ando mística demais ou alguma coisa está mesmo fora de ordem? Sei não, mas essa minha versão “Sobrenatural da Silva” só pode ter a ver com a estranheza do momento que a gente tá vivendo. Aliás, acredito que pouca gente tá entendendo a real dimensão dessa catástrofe planetária. Talvez daqui a três ou quatro gerações? Quem sabe, né?

Mas, voltando às coisas do astral, que atire a primeira pedra quem nunca foi a uma cartomante? Aposto que você é daquele tipo que já consultou as cartas do tarô e levou o maior susto quando a taróloga lhe mostrou a carta da morte. Pois, é! Aconteceu comigo. Só me acalmei quando veio a explicação:

• Fique calma. No Tarô a carta da morte significa renascimento. É a transformação daquilo que está “morto e enterrado” em vida nova. É quando um ciclo termina para que um novo comece.

Ah, bom! Nada como ter uma taróloga em casa (epa), quero dizer, por perto pra acalmar a gente.

Pensando bem, essa coisa de culto ao sobrenatural tá por todo lado e não é de hoje. Lembra da canção “Cartomante”? O Ivan Lins musicou e Elis Regina eternizou.

“Já está escrito, já está previsto,
Por todas as videntes, pelas cartomantes
Tá tudo nas cartas, em todas as estrelas
No jogo dos búzios e nas profecias “

Sei que você vai se surpreender, mas até o grande Machado de Assis escreveu sobre elas. Quer ver?

“Ria, ria. Os homens são assim. Não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e ela adivinhou o motivo da minha consulta antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: A senhora gosta de uma pessoa…” Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e  declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade…”

Tá vendo? Tem “Sobrenatural da Silva” na música, na literatura … Pensando bem, vou ver se convenço a minha taróloga preferida a voltar a colocar as cartas pra mim. Quem sabe a “morte” volta à dar as caras? A gente anda mesmo precisando de boas novas. De vida nova. Enquanto isso, vou ali na cozinha preparar um café porque hoje a “Sessão da Tarde” promete. Tem filme com o Richard Gere. Comédia romântica das boas. E a voz, adivinhem, tchan, tchan, tchan… É dele mesmo. Do Ricardo Shnetzer.

Ihhh, já estava indo sem citar a minha figurinha carimbada. Sobre essas coisas do astral é como diz o Velho Osvaldo. “Quem não pode com a mandinga não carrega patuá”.