A Rússia anunciou hoje que está negociando com o Brasil a produção de sua vacina contra a Covid-19, a Sputinik 5, a primeira do mundo a ter um registro oficial, que tem potencial para imunizar as pessoas por até dois anos. Os russos também anunciaram que na próxima semana vão iniciar a última fase de testes do imunizante, que será aplicado em 45 mil voluntários russos.
“Estamos conversando com outros países, como Brasil, Índia, Coreia do Sul e Cuba”, informou Alexander Gintsburg, diretor do Instituto Gamaleya de Pesquisa em Epidemiologia e Microbiologia, que foi o responsável pelo desenvolvimento da vacina, em parceria com o Ministério da Defesa do país. Eles [os países] têm potencial para produzir a vacina, para servir de ‘hub’, de base”, acrescentou.
A vacina russa foi recebida com certa desconfiança pela comunidade científica internacional exatamente por não ter passado, antes do registro, pela última fase de testagens, quando é aplicada num grande número de pessoas para testar sua eficácia e segurança.
Segundo Denis Logunov, vice-diretor científico do Instituto Gamaleya de Pesquisa em Epidemiologia e Microbiologia, a vacina russa foi testada em vários animais, como coelhos, ratos e dois tipos de macacos, sem apresentar nenhum efeito colateral.
Posteriormente, conforme o vice-diretor, foi testada também em um grupo de 220 voluntários humanos, com idades de 18 a 60 anos. Os participantes apresentaram resposta imunológica positiva e os efeitos colaterais relatados foram brandos, como dores de cabeça. De acordo com os cientistas russos, esses testes corresponderiam às fases 1 e 2 das testagens.
Mesmo sem essa verificação de segurança e eficácia num grande número de pessoas, a Rússia não só registrou sua vacina, como já anunciou que vai começar a vacinação, provavelmente em meados de setembro. Em paralelo aos testes finais nesse grupo de 40 mil voluntários, começarão a receber a vacina as pessoas do grupo de risco, começando por profissionais de saúde.
Vacina semelhante
Outro questionamento dos cientistas internacionais sobre a vacina russa se refere ao que chamam de falta de transparência nos estudos que resultaram na Sputnik 5.
Mas o Gamaleya argumenta, porém, que a descoberta em tempo recorde de uma vacina para a covid pode ser explicada pelo fato de o centro estar trabalhando, faz anos, num imunizante semelhante contra a Mers, ou síndrome respiratória do Oriente Médico, que também é provocada por um tipo de coronavirus.
No Brasil, o governo russo vem conversando com o Instituto de Tecnologia do Estado (Tecpar), ligado ao governo estadual, para a realização dos testes finais em voluntários brasileiros e, eventualmente, para a produção da vacina por aqui.