Porque Brasil é celeiro para teste de vacina contra covid?

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Como Brasil tem grande número de infectados pela covid, pais tornou-se celeiro para testagem de vacinas contra a doença. Imagem - Pixabay

O Brasil transformou-se num verdadeiro celeiro para testes de vacinas contra a Covid-19 no mundo. Hoje, aproximadamente 15 mil voluntários brasileiros estão participando da última fase de testagens de três imunizantes, dois deles considerados os mais promissores do mundo. Como há acordo com os laboratórios que estão à frente das pesquisas, seremos um dos primeiros países a dispor de uma vacina para combater o virus.

“Estou muito otimista. O Brasil será um dos primeiros países a ter a vacina”, afirma o presidente do Instituto Butantam, Dimas Covas, que coordena o trabalho de imunização num grande número de brasileiros com um medicamento que vem sendo desenvolvido por um laboratório chinês.

O país passou a ser procurado para testagens de vacinas contra a Covid por uma razão principal: somos a segunda Nação do mundo em número de mortes pela doença, com mais de 107 mil óbitos (atrás apenas dos Estados Unidos), e mais de três milhões de infectados pelo vírus. Esse é o lado ruim da notícia.

Instituto Butantan, um dos mais importantes centros de produção de vacina do mundo, coordena testes da vacina contra covid-19 em 9 mil voluntários. Foto - Instituto Butantan
Instituto Butantan, um dos mais importantes centros de produção de vacina do mundo, coordena testes da vacina contra covid-19 em 9 mil voluntários. Foto – Instituto Butantan

Mas para fazer os testes em grande escala em humanos, os pesquisadores buscam países com surtos grandes da doença, como é o caso do Brasil, cenário considerado ideal para avaliar se vacina vai mesmo funcionar. Um grupo de voluntários é vacinado e um outro recebe um placebo. Os resultados são depois comparados, o que, em síntese, vai dizer se a vacina é segura e segura e eficaz.

A China, por exemplo, é o país mais populoso do mundo, com cerca de 1,4 bilhão de habitantes. Foi lá, na cidade de Wuhan, que o coronavírus foi identificado pela primeira vez, em dezembro do ano passado. Mas como o surto do vírus foi controlado, o laboratório chinês Sinovac decidiu realizar a fase 3 de testes de sua vacina, chamada de Coronavac, aqui no Brasil.

Um grupo de 9 mil voluntários já começou a ser vacinado com a Coronavac, num trabalho que vem sendo coordenado pelo Instituto Butantam, ligado ao governo de São Paulo, que tem grande tradição na produção de vacinas. A expectativa é que os testes estejam concluídos em outubro e os mais otimistas acreditam que o imunizante possa começar a ser aplicado na população já em dezembro.

A Universidade de Oxford, do Reino Unido, que desenvolve sua vacina em parceria com o laboratório sueco-britânico AstraZeneca, também está realizando parte dos testes de sua vacina entre brasileiros. Um grupo de 5 mil voluntários também já começou a ser vacinado.

Mão de obra qualificada

Fiocruz vai produzir 100 milhões de doses da vacina contra Covid da Universidade de Oxford. Foto - Fiocruz
Fiocruz vai produzir 100 milhões de doses da vacina contra Covid da Universidade de Oxford. Foto – Fiocruz

O governo brasileiro fez um acordo com o laboratório e vai receber 100 milhões de doses dessa vacina. Confirmada sua eficácia, é possível que uma parte dos brasileiros comece a ser vacinado em dezembro. Se o resultado dessa última fase mostrar que o remédio é capaz de neutralizar o coronavírus, ele será produzido pela Fiocruz.

Quem também decidiu avaliar junto aos brasileiros, na última etapa, se sua vacina para a Covid vai dar resultados foram os laboratórios BioNTec, da Alemanha, e Pfizer, dos Estados Unidos, que desenvolvem, em parceria, uma vacina também considerada bastante promissora.

Os testes serão feitos, num primeiro momento, em mil voluntários. E há ainda conversas para a realização de testes no Brasil com outro laboratório chinês, o Sinopharm, e também com a vacina criada na Rússia, a primeira do mundo contra a Covid s ser registrada.

Mas além do fato de o Brasil ter um grande número de infectados, há outros fatores, segundo especialistas, que explicam o fato de tantos laboratórios quererem fazer seus testes em grande escala por aqui. O país tem uma infraestrutura de fabricação de medicamentos robusta, com laboratórios de ponta reconhecidos mundialmente pela excelência de seus na produção de vacinas. Caso do Butantam, em São Paulo, e Fiocruz, no Rio.

Temos também um grande número de especialistas em imunização e um modelo de vacinação que também é reconhecido mundialmente por ser ágil, eficiente e poder ser aplicado em grande escala. Para dar um exemplo, a vacina contra a gripe é aplicada, anualmente, em 80 milhões de pessoas, fora as outras vacinas que estão disponíveis, de graça, na rede pública de saúde.

Outro fator fundamental para que o Brasil tenha se transformado no lugar ideal para testes de vacina contra a Covid: a facilidade dos laboratórios em encontrar voluntários para participar dessa experiência, que pode resultar na descoberta de um remédio que seja capaz de eliminar de vez um inimigo invisível que já provocou um dos maiores desastres da humanidade de todos os tempos.

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