1º de Outubro é “Dia Internacional do Idoso”. A passagem da data, instituída em 1990, pela ONU, mobilizou um rico debate, nas diversas mídias, sobre o processo de envelhecimento
A desconstrução do mito segundo o qual envelhecer implica capitular diante das inexoráveis enfermidades que virão e, em última instância, diante da morte, situa-se nesse debate como tarefa assumida por um expressivo e crescente contingente de cidadãos e profissionais de saúde, no Brasil e no mundo.
Não devemos dourar a pílula. A partir de certa idade, passam a ser mesmo inevitáveis problemas como perda de energia e de vigor físico, frequentemente acompanhada pelo aparecimento de adversidades que acometem, sobretudo, os mais velhos. Difícil encontrar alguém com mais de 60 que não se queixe de dores no joelho, visão embaralhada, redução do apetite sexual etc. etc. etc.
A atitude a tomar frente a essa realidade, contudo, joga papel determinante na maneira pela qual cada pessoa vai atravessar a nova fase da vida. Para muitos, envelhecer pode representar uma conquista, e não um castigo. É como pensava o filósofo romano Cícero, que, em sua obra “Saber Envelhecer”, afirma que “os velhos inteligentes, agradáveis e divertidos suportam facilmente a idade, ao passo que a acrimônia, o temperamento triste e a rabugice são deploráveis em qualquer idade”.
Dando suporte a tal pensamento, a ciência contemporânea já assentou que, Independentemente da idade, a mudança de hábitos e comportamentos pode contribuir para uma vida mais saudável. Os exercícios físicos, a busca de uma alimentação saudável e o intenso convívio social são atitudes que devemos adotar quando ainda somos jovens, crianças mesmo, mas, para alcançar benefícios à qualidade de vida – ainda que proporcionais à duração de sua prática -, não têm idade limite para começar.
Ao lado disso, o geriatra Wilson Jacob Filho, do núcleo avançado de geriatria do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, sustenta que a manifestação de uma doença não é sinônimo obrigatório de comprometimento funcional, citando como exemplo a diabetes. Devidamente tratadas, essa e muitas outras moléstias, segundo ele, não constituem empecilho para o envelhecimento saudável.
Com essa compreensão, o “Grupo Cultural Meninas de Sinhá”, do Alto Vera Cruz, está realizando o “Primeiro Encontro Longeviver”, uma extensa programação de atividades práticas e debates, iniciada em 26 de setembro e que só se encerra em 24 de novembro.
Como construir e fortalecer laços de afeto depois dos 60, amor e sexualidade entre os mais velhos, envelhecimento ativo e saúde integral, terapia ocupacional e musicoterapia, estes e muito outros temas de debate se misturam a caminhadas, shows musicais, feiras de artesanato.
As Meninas de Sinhá são um excelente exemplo de como a busca por uma velhice saudável ultrapassa a barreira das classes sociais. Idealizado no final dos anos 1980 por uma brilhante líder popular, Valdete Cordeiro, já falecida, luta, desde então, pela elevação da autoestima de mulheres da periferia e pela transformação social por meio da cultura.
Conhecido hoje além das fronteiras do Estado, o grupo é uma referência importante para todos os que querem envelhecer com qualidade de vida e com saúde física e mental.
Informações e inscrições para o “Primeiro Encontro Longeviver”