O acaso costuma pregar peças nas nossas vidas que nem desconfiamos como acontecem. Foi o que aconteceu com uma jovem americana, que, após enfrentar dificuldades, encontrou uma forma de se reconciliar com o passado. São histórias inspiradoras como essa que fazem a vida valer a pena.
A mãe de Sarah-Raspberry Farmer se suicidou aos 41 anos quando estava na cadeia, e já se passaram cinco anos desde essa tragédia — isso aconteceu em fevereiro de 2013. Viciada em metanfetamina, Christine Sexton não aguentou a espiral em que sua vida entrou.
Em entrevista a um jornal local de Dallas, Farmer disse que sua mãe era muito amorosa. “Muita gente não conseguiu enxergar essa característica até o fim.”
Antes de seu suicídio, Sexton já havia entrado e saído da prisão várias vezes. Durante seu primeira passagem atrás das grades, ela fez um esforço para alcançar sua filha de uma maneira especial.
Após esse período presa, Sexton deu uma sacola de livros para sua filha ler, livros que ela tinha lido na cadeia. “Ela disse que eram livros que poderiam me ajudar a entender o motivo pelo qual ela esteva lá — ou que ela achava que eu gostaria.”
“Ela leu todos os livros e destacou passagens específicas com um marcador rosa. Coisas que ela queria dizer para mim, mas não sabia como”, diz Farmer.
Após a morte de sua mãe, a jovem se comprometeu a ler todos os livros — exceto um, que tinha manchas de tinta azul na capa e um canto mastigado. Era a cópia de um livro chamado “House of Leaves” (sem tradução no Brasil), uma história de terror complexa e não convencional escrita por Mark Danielewski.
O acaso entra na vida de Sarah
Em 2014, Farmer desistiu de ler o livro e o vendeu para um sebo perto de sua casa, em Fort Worth, no Texas. Ela pensou que seria o fim, mas, por um lance do acaso, ela encontrou um o último fragmento que a unia à sua mãe.
Com o passar dos anos, ela sempre pensava na cópia de “House of Leaves” que ela havia vendido. Impulsionada pela memória de sua mãe, Farmer foi a outro sebo em maio de 2018 para comprar uma nova cópia e poder terminar de ler a história. O funcionário entregou o único exemplar de “House of Leaves” em toda a loja, e Farmer então comprou.
Quando estava a caminho de casa, no entanto, Farmer notou algo significativo sobre o livro: o exemplar tinha manchas de tinta azul na capa e o canto estava mastigado. Era o mesmo livro que ela havia vendido quatro anos antes.
“Não acreditei na hora e duvidei que pudesse ser o mesmo livro”, diz Farmer. “Eu comecei a folhear o livro e encontrei passagens destacadas em rosa. Eu chorei e chorei. Provavelmente, eu chorei por horas.”
Passagens ajudaram em nova tragédia
Uma das passagens em particular levou Farmer às lágrimas: “Fiz meu passeio matinal, fiz meu passeio noturno, comi alguma coisa, pensei em algo, escrevi alguma coisa, dormi e sonhei com alguma coisa também, e com tudo isso, ainda não tenho nada porque muito de de todas as coisas sempre foi e sempre será você. Eu sinto sua falta”.
Farmer diz que a mensagem foi especialmente encorajadora porque ela havia lidado recentemente com a morte de seu pai, que morrera de câncer de cólon em janeiro.
“Pode ser apenas coincidência. No entanto, vou acreditar que de alguma forma ela sabia que eu precisava de conforto. E de alguma forma ela conseguiu este livro de volta para mim.”
* Com informações de Dallas News e Goodnews Network