As empresas estão percebendo que a nova geração de profissionais busca mais do que apenas um salário competitivo e estabilidade no trabalho. Para atrair e reter talentos, elas estão investindo em benefícios inovadores que visam o bem-estar físico, mental e emocional dos seus colaboradores. Tempo livre para se dedicar a um pet recém-chegado, bônus em dinheiro durante as férias, auxílio de saúde mental e até licença durante o período menstrual são algumas das novidades que empresas estão incorporando ao seu rol de benefícios.
“Isso acontece porque a geração atual busca o bem-estar no ambiente de trabalho e que a empresa esteja alinhada com os seus objetivos pessoais”, explica Leila Arruda, mentora de carreiras e especialista em treinamento de líderes, com pós-graduação em Gestão de Carreiras e Liderança.
Embora muitas empresas ainda não ofereçam esses benefícios, eles estão se tornando cada vez mais comuns. Arruda observa que apesar de não serem todas as empresas que oferecem, acrescentar esses benefícios é uma tendência do mercado de trabalho e deve crescer cada vez mais.
Um exemplo disso é o Grupo MOL, que passou a oferecer licença menstrual para suas 49 funcionárias. A iniciativa surgiu da necessidade de reconhecer as dificuldades enfrentadas por muitas mulheres durante o período menstrual. Agora, elas podem tirar até dois dias de licença remunerada por mês, sem a necessidade de apresentar atestado médico.
Satisfação de funcionários
A analista de redes sociais Karolyne Oliveira, por exemplo, aproveita esse benefício regularmente, pois sofre com cólicas e dores de cabeça intensas durante a menstruação. “Normalmente, meio período já é o suficiente para eu me recuperar”, diz Karolyne. “A licença nos dá mais segurança, e a gente se sente mais confortável na empresa, porque sabemos que não precisamos trabalhar nos dias em que não estamos bem.”
Após um ano oferecendo a licença menstrual, a empresa constatou que os dias de descanso não afetaram a produtividade e aumentaram a satisfação das funcionárias. Mais de 65% das licenças foram de apenas meio período.
“Atrair e fidelizar talentos é o objetivo desses benefícios”, explica Leila Arruda. Hoje, os profissionais tendem a trocar de emprego com mais frequência em busca de melhores oportunidades. Portanto, oferecer benefícios adicionais não só atrai novos talentos, mas também incentiva os atuais a permanecerem na empresa.
Os benefícios extras podem aumentar a satisfação pessoal e profissional, contribuindo para o melhor desempenho individual e coletivo. Funcionários felizes tendem a ser mais produtivos, inovadores, criativos e leais. “Um funcionário mais feliz também tem relacionamentos interpessoais mais saudáveis, impactando internamente e também externamente, na relação com clientes e fornecedores”, destaca Rodrigo de Aquino, especialista em felicidade corporativa.
Mas a escolha dos benefícios a serem oferecidos precisa ser feita com base no perfil dos funcionários. “O benefício que funciona para uma empresa pode não funcionar para a outra”, ressalta Leila Arruda. É essencial que o departamento de Recursos Humanos esteja atento ao seu público interno e conduza pesquisas para entender as necessidades do time.
Animais de estimação
A empresa de recrutamento Môre, por exemplo, decidiu oferecer uma série de novos benefícios após uma pesquisa interna que revelou que 76% dos funcionários tinham animais de estimação. Agora, além de um plano de saúde para os pets, a empresa concede licença de um dia em caso de falecimento do animal e até três dias para adaptação de um pet recém-chegado.
“Hoje, o pet faz parte da família, são como filhos”, diz Flávia Pañella, sócia fundadora da Môre. “Por isso, é importante que o colaborador tenha esses dias de folga para cuidar desse membro que acaba de chegar.”
Para Fernando Mendes, gerente de produto, essa licença PETernidade foi essencial quando adquiriu uma nova serpente. Ele é colecionador e diz que esses dias de folga foram importantes para fazer a adaptação correta da nova integrante à sua coleção. “Há dez anos, iniciei a minha criação, e sempre ficava apreensivo nesta fase, porque não sabia como meus bichos iriam se comportar e se sentiriam muito a mudança de ambiente”, diz. “Quem dera ter tido essa oportunidade de adaptação antes.”
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Fonte – BBC Brasil
