Toda família tem uma Lia Xoxa

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Reunião da família Bicalho - Foto - arquivo pessoal
Reunião da família Bicalho - Foto - arquivo pessoal


Há poucos dias, lendo mais uma crônica encantadora do Antônio Pimentel, imediatamente me lembrei de um personagem icônico na nossa família: a Lia Chocha. Bastava alguém falar demais, cometer alguma inconfidência ou gafe, logo alguém dizia:

  • Eta Lia Chocha!

Era a senha para que a pessoa ligasse o seu “semancol” e colocasse o rabo entre as pernas. Dependendo do tamanho da gafe, a saída era correr. E pernas pra que te quero, porque a Mamãe não costuma deixar barato. Educação às antigas, se é que você me entende.

  • Mas quem era essa tal de Lia Chocha?

Eu não tenho a menor ideia. Talvez fosse uma pessoa “chocha”. O dicionário diz que essa palavra pode ser usada como adjetivo. Nesse caso significa vazio, sem recheio, seco, desinteressante, insípido. Como substantivo refere-se a uma beijoca ou a um beijo sonoro e prolongado. Não entendeu? É tipo assim: “A Lia fez uma self ao dar um chocho no crush”. Confesso que nunca ouvi alguém dizer isso. Não no Brasil, no português falado aqui. Talvez lá em Portugal seja mais comum. Você também pode usar “xoxo”, com “x”, caso queira ser mais informal.
A etimologia da palavra não me ajudou muito a identificar a tal da Lia. Fico aqui pensando que ao invés de ser uma pessoa desinteressante, sem glamour ou charme, na verdade, talvez fosse meio aérea, uma sem noção, como se diz hoje. Vai saber, né? Quem a conhecia, no caso a Vovó Cocota, não está mais aqui para contar. Infelizmente! Certamente se ainda estivesse entre nós, teria ótimas histórias para compartilhar conosco sobre essa pessoa que, por sua personalidade e jeitinho, tornou-se mais um personagem dessa nossa família grande e barulhenta. Há muitos outros. Qualquer dia conto aqui.

Ihhh, tô achando que essa nossa conversa está ficando chocha, no caso, xoxa. Melhor falar sobre a crônica do Pimentel. Ele conta que Dona Olívia, uma vizinha de sua família, era uma idosa vaidosa e ativa. Ela mantinha sua aparência impecável com cuidado e esmero. Além disso, pontuava suas frases com um “Vítor, meu marido…”., uma referência ao falecido, que por serem constantes, passaram a ser usadas nas brincadeiras familiares. Ah, e quando algo não lhe agradava, era uma “marmotagem”.
Após a morte de Dona Olívia, suas lembranças e sua personalidade única continuaram na memória da família. A autoestima elevada e a sua confiança estética a tornavam uma figura marcante, mesmo sendo considerada uma “marmota” aos olhos da família. Ainda hoje, ao avistar um homem elegante (ou não) nas ruas de Belo Horizonte, a frase “Vítor, meu marido, valei-me!” sempre é lembrada pelo Pimentel.
E na sua família? Há personagens como na minha e na do Pimentel. Compartilhe. Vou adorar conhecê-los. Indo. Até semana que vem!

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