O nosso Velho Osvaldo vivia reinventando a sua rotina. Um dia era a horta; no outro, a vaca que deu cria. Dia seguinte, nem bem tinha amanhecido, já queria ajudar a fazer a cerca. Incansável, mexia nos canteiros e conferia as fases da lua.
- É pra saber se tá boa pra plantar o alho, dizia com a certeza de quem conhecia a natureza como a palma de sua mão.
E completava:
- A gente não pode esquecer de plantar o salsão e o alho poró. As meninas (nós, uai) gostam demais. Daqui a duas semanas já vai dar pra colher o alface. O canteiro tá uma belezura.
Papai olhava os canteiros embevecido. Ficava todo orgulhoso da sua obra. Nós, também.
Ah, lembrando que o Velho Osvaldo, apesar das limitações impostas pela idade, participava ativamente do plantio das mudas. Cavava todos os buracos do canteiro com a bengala. A mesma que usava pra tocar as vacas. Teimoso do jeito que era insistia que não precisa de apoio pra andar. Por isso, arrumava outras utilidades pra ela.
Nosso querido se foi há alguns meses. O projeto da horta desse inverno custou a sair. Ricardo assumiu a função depois da Denise prometer que iria se encarregar de molhar as mudinhas de alface, couve, cebolinha e salsa. O alho porró e o salsão ficaram para o ano que vem.
Você deve estar se perguntando o porquê da demora em plantar a horta deste ano. Poderia citar um rosário de desculpas. A verdade é que ainda não nos acostumamos com a ausência. O nosso combalido coração foi esfacelado, partido em mil pedacinhos. Ainda estamos nos dedicando à dura tarefa de juntar os cacos. E, enquanto a gente se remenda, a horta, aos trancos e barrancos, toma forma . As mudinhas já brotaram. Daqui a pouco o verde vai estar de volta à nossa mesa. Um refresco para o olhar e um presente para o nosso paladar.
Por enquanto, sem a presença iluminada do nosso Velho Osvaldo, tateamos pelo lado sombreado da vida.
Por falar nisso, ainda outro dia li um dos maravilindos textos do Cláudio Chinaski. Diz bem assim: “O mistério da escuridão é fascinante. Mas agora tudo é sol e minha história é apenas história de acordar adultos”.
Um desejo pra hoje? Que na nossa vida esse despertar em manhãs ensolaradas não se demore. Lá de cima o Velho Osvaldo deve estar preocupado com o atraso da horta.
Desculpa ai, Velho Osvaldo! É que estamos reaprendendo a viver. Dessa vez sem você. E isso demora, viu? Ah, fique de olho. Vai que, né?
Viva o Oswaldo que deve estar plantando a horta lá no céu. Vai saber entender as razões dos filhos para atrasar o plantio lá em Conceição!
Verdade Marcos Pestana. A turma de lá de casa tá meio perdida. Ainda não acostumaram com a ausência do velho Osvaldo. Aos trancos e barrancos de algum jeito vão conseguir corresponder ao nosso amado pai.
Quantas saudades dessa pessoa linda que era o Sr.Osvaldo!!!
Como é difícil caminhar sem a sua presença…
Aprender com o passado;
Projetar o futuro;
Viver o presente;
Vida longa a tradição do Sr. Osvaldo!!!!
Saudades do meu avô querido!