Tem boi bravo pelo caminho

Esses últimos dias têm sido especialmente difíceis. Mas quem disse que seria fácil, né? Afinal, não existe almoço grátis. 

No ouvido esquerdo o Guimarães Rosa sopra bem baixinho:

• Viver é perigoso.

Do lado direito vem o Fernando Pessoa com aquele sotaque lusitano:

• Navegar é preciso. Viver não é preciso.

Aí, eis que de repente alguém aponta um caminho novo. Logo na saída a gente arrebenta o dedão do pé em um pedregulho. A porteira tá difícil de abrir. E o arame, gente? É farpado. E ainda tem boi bravo no pasto. E olha que eu nem falei das cobras sorrateiras que se abrigam nas moitas de capim. Sei que o território é delas, mas a gente precisa seguir em frente. Dá licença, dona cobra? Tô só de passagem. Mas se eu me descuidar e pisar na moita? Hiii, nem te conto!  A unidade de saúde não é perto e o estoque de soro antiofídico pode estar zerado. O jeito é arriscar. Seguir em frente. Nada de desistir sem nem ao menos tentar. Nada de se acovardar.

Nesses momentos tem o João Anzanello Carrascoza pra me lembrar:

• A vida, o tempo todo, deixa bilhetes, como pedaços de pão ou sementes, por onde ela passa.

A gente tem que prestar atenção. Lembra da história de Joãozinho e Maria? É desse jeitinho. Pra gente não se perder é preciso ter um estoque de pães amanhecidos (amo dizer que o pão é amanhecido. Coisa mais linda!)  e sair deixando pedacinhos pelo caminho novo. Vai que eu me perca e fique sem rumo, né? Há que se saber o caminho da volta. Com dignidade. Sem perder a elegância. Postura sempre.

Por falar em pães amanhecidos, eu me lembrei do pudim de pão lá de casa. Ah, lembrei também de uma receita que achei nesse mundão da internet. Ainda não experimentei. Mas, parece ser ótima. Compartilhando aqui com você. Se der certo, me conte. Afinal, a nossa missão é sair espalhando boas novas por aí, né?  Tipo como reaproveitar o que sobra. Nesses tempos nebulosos, o reaproveitamento de alimentos é muito mais que um conceito. E viva a vida real!  Ela pode ser boa. Acredite. Quem mora na cozinha sabe disso. Né mesmo, pessoal?
Vamos às receitas e mãos à obra porque a humanidade precisa ser feliz e resgatada.

Pudim de pão daqui de casa
Ingredientes:
6 pães amanhecidos
2 ovos
1 colher rasa de canela em pó
1 colher (sopa) manteiga ou margarina
1 xícara de açúcar
600 ml de leite
1 colher de farinha de trigo.
Modo de fazer:
Bata todos os ingredientes no liquidificador. Despeje em forma untada e leve ao forno pré-aquecido a 180 graus.
Se gostar, acrescente passas ou frutas cristalizadas. Você pode também caramelizar a forma antes de despejar a massa. Aliás, como diz a Rita Lobo, na cozinha você é livre, meu bem!

Tortinha de pão francês
Ingredientes:
4 pães franceses (amanhecidos)
4 ovos
1 caixinha de creme de leite
2 colheres de requeijão
Sal e orégano a gosto.
200 gramas de muçarela
150 gramas de presunto picado
1 lata de milho
1/2 xícara de azeitona
1 tomate sem semente picado
100 gramas de queijo parmesão.

Modo de fazer:
Bata os ovos até dobrar de volume. Acrescente o creme de leite, o requeijão e o sal. Bata levemente até misturar tudo. Acrescente o queijo, o presunto, o milho, o tomate e o orégano. Misture tudo e reserve. Em uma forma enfarinhada e untada acomode as fatias de pão uma ao lado da outra. Despeje o creme por cima. Dê leves batidinhas para o creme descer.
Cubra com queijo ralado e orégano. Leve para assar em forno pré-aquecido a 180 graus por 50 minutos (Lembrando que o tempo vai depender do seu forno).
E como você é uma pessoa criativa, não se limite ao presunto. Fique à vontade para trocá-lo por frango, calabresa, atum, cheddar, cebola e o que mais a sua imaginação mandar.