Estudante de Alagoas é finalista do “Nobel da Educação”

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Alagoana Ana Júlia. 18 anos, finalista do Nobel da Educação, com sua telha feita com pó de sururu. Foto - arquivo pessoal
Alagoana Ana Júlia. 18 anos, finalista do Nobel da Educação, com sua telha feita com pó de sururu. Foto - arquivo pessoal

A estudante alagoana Ana Julia Monteiro de Carvalho, de 18 anos, é a única aluna da América Latina no top-10 do Global Student Prize, que é considerado o Nobel da Educação. Ela é aluna do 3º ano do ensino médio da Escola Industrial Abelardo Lopes, do Serviço Social da Indústria (Sesi), em Maceió. O vencedor do prêmio, que foi criado pela Fundação Varkey em parceria com a Unesco, será conhecido amanhã, 10 de novembro.

Se ficar em primeiro lugar, a alagoana vai levar um prêmio US$ 100 mil, o equivalente a R$ 555 mil reais. Para participar da competição, Ana Júlia apresentou um conjunto de suas invenções, que vão de uma telha feita com pó de casca de sururu, um molusco, a uma pastilha purificadora de água e até um protetor de raios solares para astronautas.

Para chegar à fase final do prêmio, a alagoana competiu com mais de 3,5 mil outros estudantes, de 94 países. Os organizadores avalia toda a carreira do estudante até chegar aos finalistas. Obrigatoriamente, os trabalhos desenvolvidos devem ter impacto positivo no meio ambiente, na justiça, na saúde ou apresentar soluções para reduzir ou extinguir a pobreza.

Global Student Prize, o Nobel da Educação, sempre foi direcionado a professores. Somente em 2021 foi iniciado o processo com estudantes. Além de uma premiação em dinheiro, os alunos do top-50 fazem parte de uma comunidade que continuará tentando promover mudanças no mundo com seus inventos.

Para chegar no Top-10 da premiação, Ana Júlia teve que vencer várias etapas. Na primeira, teve que enviar uma redação. Na segunda, fez uma entrevista com os organizadores. E, recentemente, houve a qualificação ao top-50. Posteriormente, a escolha do top-10 de estudantes. Agora, os organizadores estão avaliando as atitudes dos estudantes e as mudanças que seus projetos estão promovendo nas localidades ondem vivem.

Estudante finalista do Nobel da Educação mostra um de seus vários inventos
Estudante finalista do Nobel da Educação mostra outro de seus inventos. Foto – BBC News

Ecosururu

A telha criada pela estudante Ana Júlia com pó de casca de sururu, e que a levou à final do Nobel da Educação, é, conforme testes de resistência feitos no Sesi, 253% mais resistente do que as telhas convencionais. “Desenvolvemos esse projeto por conta da alta quantidade de lixo descartado à beira da Lagoa Mundaú. São cerca de três toneladas todos os dias poluindo aquele local, o que influencia toda a comunidade”, conta a estudante.

O sururu é um molusco conhecido por seu sabor apurado. Em Alagoas ele é pescado na lagoa próxima à casa de Ana Júlia, que fica em uma das regiões mais pobres de Maceió. Ali há moradias precárias, muitas delas feitas com madeira e lona, e as famílias sobrevivem graças ao programa Bolsa Família e à pesca do sururu.

Na comunidade, as mulheres fazem o papel de marisqueiras e descascam o molusco, aproveitando apenas sua parte de dentro. “Queríamos desenvolver algo que pudesse ativamente auxiliar aquela comunidade, já que eles não possuem acesso à moradia de qualidade”, explica Ana Júlia.

Ana Júlia está terminando o ensino médio e pensa em fazer faculdade nos EUA. Foto - Sesi-divulgação
Ana Júlia está terminando o ensino médio e pensa em fazer faculdade nos EUA. Foto – Sesi-divulgação

Inventora veterana

Ana Júlia é uma inventora veterana, apesar da pouca idade. Aos 13 anos, foi co-fundadora da primeira equipe de competição de robótica da First Lego League de sua escola. Dois anos depois conquistou o 1º lugar na etapa regional, ficando como 10º melhor time geral do Brasil e 1º em processo de pesquisa.

Com 16 anos, participou da criação do Aerador Sustentável, que está em operação e é um sucesso. Trata-se de fum projeto mecânico para elevar a produção de leite de caprinos e ovinos em países em desenvolvimento. Ele utiliza energia eólica por meio de hélices e movimenta um aerador e uma bomba que impedem a proliferação de bactérias anaeróbicas e outros microorganismos, além de elevar a oxigenação da água.

Ana Júlia também participou da invenção do pH2O, uma pastilha alcalinizante para melhorar a água e a saúde de comunidades pobres. Um outro projeto da estudante chegou a ser aprovado pelo astronauta e atual ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações Marcos Pontes, em 2018: trata-se do “Protect Cosmic”, uma barreira que impede a penetração de raios cósmicos em naves ou ônibus espaciais. A ideia é reduzir a exposição de astronautas aos efeitos da radiação.

Em tempos de pandemia do novo coronavírus, a estudante de Maceió criou um sistema de desinfecção mecânica para covid-19 que não usa energia elétrica. Perto de terminar o ensino médio, Ana Júlia ainda não decidiu qual curso superior ela fará. Mas já sabe que quer estudar fora do país, onde acredita que terá melhores oportunidades.

Com informações do G1 e UOL

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