
Uma das criaturas mais impressionantes do planeta deu as caras em águas da costa brasileira. Uma baleia-azul — o maior animal do mundo — foi avistada nesta terça-feira (27) em Ilhabela, no Litoral Norte de São Paulo. O fato é raríssimo e representa um marco para a ciência e para os esforços de preservação marinha no Brasil.
O avistamento foi feito por pesquisadores do Instituto VIVA Verde Azul, organização que monitora e protege a vida marinha na região. Eles trabalham em um ponto de observação fixo, de onde acompanham a fauna do mar desde 2020. A surpresa ocorreu logo às 8h01 da manhã, quando a silhueta da gigante surgiu na superfície.
A espécie está na lista de animais criticamente ameaçados de extinção. Ela foi intensamente caçada até a proibição da caça comercial nos anos 1980. Desde então, sua população tenta se recuperar, lentamente. A aparição em Ilhabela pode ser sinal de que a espécie está crescendo, o que é uma ótima notícia.
Por que essa é uma boa notícia?
- Confirma que a baleia-azul ainda vive e migra pelo Atlântico Sul.
- Indica possíveis sinais de recuperação da espécie.
- Reforça a importância de Ilhabela como área de biodiversidade marinha.
- Pode influenciar novas políticas públicas de preservação.
- Serve como alerta e oportunidade para reforçar a educação ambiental.
Veja aqui como a equipe do Instituto Viva Verde Azul celebrou o avistamento da baleia-azul
Um espetáculo raro e revelador
A baleia-azul (Balaenoptera musculus) pode atingir até 33 metros de comprimento e pesar cerca de 150 toneladas. Ainda assim, trata-se de uma espécie discreta e de hábitos oceânicos. Por isso, é incomum encontrá-la tão próxima da costa brasileira.
Os pesquisadores precisaram de quase 24 horas para confirmar que se tratava mesmo de uma baleia-azul. A identificação foi feita com base em detalhes anatômicos como o formato da nadadeira dorsal e a distância entre a cabeça e a cauda. Após análise técnica e consulta a especialistas internacionais, não restaram dúvidas: era mesmo uma baleia-azul.
Mas segundo as biólogas do instituto, Marina Leite e Mia Morete, esse avistamento traz sentimentos mistos. Por um lado, é uma grande alegria ver a espécie viva e circulando. Por outro, o fato de ela estar tão próxima da costa pode indicar algum problema de saúde ou desorientação provocada por mudanças climáticas ou correntes anômalas.
Ilhabela: um santuário marinho
O registro reforça a importância da costa paulista — especialmente Ilhabela — como um local estratégico para a biodiversidade marinha. Desde o início das observações em 2020, o Instituto VIVA já catalogou 14 espécies de baleias e golfinhos na região.
Esse histórico mostra que o arquipélago é um verdadeiro hotspot (área extremamente rica em biodiversidade) de vida marinha. “A gente precisa cuidar dessa região, porque é importante para esses animais”, afirmou Mia Morete. Segundo ela, o instituto leva esses dados para conselhos e órgãos ambientais, buscando influenciar políticas públicas de preservação.
Um alerta para ações de proteção
Embora o encontro com a baleia-azul seja motivo de celebração, ele também levanta um alerta. “A aproximação desse animal da costa pode ser um sinal de estresse ambiental”, explicou Marina Leite. A pesquisadora defende a criação de novas medidas protetivas para garantir a segurança desses animais no litoral brasileiro.
Além disso, o turismo desordenado, a pesca predatória e o avanço imobiliário são ameaças constantes para a vida marinha em Ilhabela. O avistamento da baleia-azul serve como um símbolo poderoso da urgência em preservar esse ecossistema.
Baleias: navegadoras em constante deslocamento
As baleias-azuis percorrem grandes distâncias entre os polos e regiões tropicais. Elas se alimentam em águas frias e migram para águas mais quentes para se reproduzir. Durante essa jornada, emitem sons que podem ser ouvidos a quilômetros de distância — forma de comunicação essencial para encontros entre indivíduos da mesma espécie.
O animal avistado em Ilhabela estava sozinho, e seu tamanho indica que possivelmente é um jovem. “Não conseguimos identificar sexo, idade exata ou se estava doente. Mas foi uma experiência marcante e valiosa para a ciência”, assinala Marina.
Presenciar um gigante dos mares tão perto da costa é mais que um espetáculo: é um chamado para proteger os oceanos.
Com informações do G1 e Instituto Viva Verde Azul