Em uma descoberta que reescreve a história da compreensão da vida de Jesus Cristo, um papiro milenar com um relato da infância do Messias foi encontrado na biblioteca da Universidade de Hamburgo, na Alemanha. O fragmento, datado entre os séculos IV e V, narra um episódio milagroso em que Jesus, aos cinco anos, teria dado vida a pardais de barro em um sábado, causando espanto e reprovação por parte de um judeu que presenciou a cena.
A descoberta foi realizada pelo pesquisador brasileiro Gabriel Nocchi Macedo, radicado na Bélgica, e por seu colega Lajos Berkes, da Hungria. Ambos trabalhavam em conjunto, revisando imagens digitalizadas de documentos antigos, quando se depararam com o fragmento em meio à coleção da Universidade de Hamburgo.
Importância histórica e teológica
O manuscrito recém-descoberto é considerado de extrema importância por diversos motivos. Primeiramente, representa o mais antigo exemplar já encontrado do Evangelho de Tomé sobre a Infância de Jesus, um texto apócrifo que narra episódios da vida de Jesus entre os 5 e 12 anos. Anteriormente, a versão mais antiga conhecida era do século XI.
Além disso, a descoberta reforça a hipótese de que o Evangelho de Pseudo-Tomé foi originalmente escrito em grego antigo, e não em siríaco, como se acreditava anteriormente. Essa informação contribui para a compreensão da disseminação do cristianismo nos primeiros séculos da era comum.
Do ponto de vista teológico, o manuscrito oferece um olhar singular sobre a figura de Jesus durante a infância. O relato do milagre dos pardais apresenta um Jesus com poderes excepcionais desde tenra idade, o que desafia a imagem tradicional do menino Jesus como uma criança comum.
Participação brasileira na descoberta
A participação do pesquisador brasileiro Gabriel Nocchi Macedo na descoberta do papiro milenar é um marco importante para a pesquisa brasileira na área de papirologia e estudos bíblicos. Macedo, formado em letras clássicas pela Universidade de Liège, na Bélgica, e doutor em filologia pela mesma instituição, atualmente é professor e pesquisador na universidade belga e dirige o Centre de Documentation de Papyrologie Littéraire (Cedopal).
A descoberta demonstra a relevância do trabalho de pesquisadores brasileiros no cenário internacional e serve como incentivo para novas gerações de estudiosos se dedicarem a áreas pouco exploradas, como a papirologia.
Repercussão e significado
A descoberta do papiro milenar com um relato da infância de Jesus gerou grande repercussão na comunidade acadêmica internacional. Especialistas em história do cristianismo e teologia elogiam a importância do manuscrito para a compreensão da vida de Jesus e destacam a contribuição do pesquisador brasileiro Gabriel Nocchi Macedo para a descoberta.
O historiador André Leonardo Chevitarese, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ressalta que a datação do Evangelho de Pseudo-Tomé para os séculos IV e V é um dos pontos mais relevantes da descoberta. Já o teólogo Gerson Leite de Moraes, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, destaca a importância do manuscrito para o estudo das origens do cristianismo.
A descoberta do papiro milenar com um relato da infância de Jesus representa um marco importante para a pesquisa bíblica e para a compreensão da vida de Jesus Cristo. O manuscrito, datado entre os séculos IV e V, é o mais antigo exemplar já encontrado do Evangelho de Tomé sobre a Infância de Jesus e oferece novas perspectivas sobre a infância do Messias. A participação do pesquisador brasileiro Gabriel Nocchi Macedo na descoberta é motivo de orgulho para o Brasil e demonstra a relevância do trabalho de pesquisadores brasileiros no cenário internacional.
Com informações da BBC News