Vivendo a mil por hora

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Imagem - Pixabay
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Hoje quebrei um prato caríssimo em uma loja de louças. Na sequência, atropelei uma senhora com um carrinho no supermercado. Depois peguei estrada exatamente na hora do rush. Obviamente fiquei presa em um engarrafamento monstruoso. Ainda bem que o Divino me presenteou com um pôr do sol escandalosamente lindo. Distraiu o meu olhar.

Quanto à cabeça, sem chance.  Continuou a mil. Sabe um cérebro que não se permite um minuto de descanso sequer? Pois, então! É o meu. Está sempre acelerado. Não descansa nunca. Vai de “essas paredes estão pedindo uma boa pintura”. Só que branco de novo, não. Mas será que as meninas vão concordar com “uma casa constantemente amanhecendo”?  Por outro lado, as paredes poderiam ganhar um tom rosado que nem as das vilas da Toscana. Nossa, amei “Sob o sol da Toscana”. Adorei o livro e o filme.  Viver essa experiência seria uma aventura incrível. Será que eu sou romântica?

Viro a chave e começo a imaginar finais felizes para as três séries que estou assistindo. Aí eu me lembro que os dois últimos livros que comprei estão pela metade. Ihh, preciso dar uma organizada na estante. Ah, não posso me esquecer de tentar convencer o Beto a construir o meu cantinho do bolo. Está tudo disperso. Lembrando que comprei mais duas formas. Devo ter mais de dez. Adquiri também mais uma espátula, outro fouet e um rolo para abrir a massa daqueles pãezinhos de maçã que estou doida para fazer. Vão ficar lindos naquele prato azul que ainda não usei. Pra compor, tem o potinho roxo. Não resisti a tamanha formosura. Vou usar para colocar geleia. É pra servir com os pãezinhos. Será que o preço da maçã já caiu? Estava pela hora da morte.

– Experimente dormir. Quem sabe você desacelera?

Dormir naturalmente? Sem chance. Santo hemitartarato de zolpiden 5 mg. Só ele pra dar um refrigério nesse cérebro exausto. A parte boa é que com esse remedinho mágico eu desligo. A ruim é que não sonho. Se acontece não lembro. Exceto outro dia que … Ops! Melhor abafar o caso. Alô, Jacq!!

Tô aqui me lembrando de uma história linda que apareceu no meu feed dia desses. Fala sobre a trajetória de Clelia Marchi. Após enfrentar duas guerras mundiais e uma vida de miséria e trabalho, Clelia perdeu o marido em um acidente. Para amenizar a dor, começou a escrever em papéis, folhetos e cartolinas. Usava lã colorida para criar livretos. Quando não tinha mais onde escrever, usou como página em branco um lençol guardado desde a morte de seu marido. Começou a descrever nele todas as suas recordações.

Durante dois anos, a senhora escreveu uma história de pobreza, dignidade e amor. Clelia enfeitou o lençol com laços cor-de-rosa, uma imagem sagrada, uma do seu marido e outra de si mesma. A obra, intitulada “Gnanca na busia” (“Nem sequer uma mentira”), está exposta em um museu.

Mas por que é mesmo que me lembrei dessa história agora? Vai saber, né! Ah esse meu cérebro! O danadinho vive me pregando peças.

10 COMMENTS

  1. Adorei! Sua cara. Compartilhei aguns momentos com você, principalmente no rusch de ontem. Quanto ao zolpiden, prefiro não me posicionar. rsrse

  2. Que texto gostoso de ler, é bem sua cara. Às vezes penso que a gente tem muita coisa em comum… Eu só não gostei da parte do Zolpidem, que tal um corrida no parque para substituí-lo? funciona comigo

  3. Gisele querida,

    Parece que você é TDHA que nem eu. Cabeça tagarela mesmo. Meu diagnóstico veio tardiamente, mas me deu um alívio danado.
    Faço mil coisas para ocupar a mente, algumas ao.mesmo tempo, e o que deu mais certo para me centrar um pouco foi meditar e rezar pelo zap com uma amiga. Todos os dias encontramo-nos. Religiosamente.
    Leio três, quatro livros de uma vez. Assisto sempre a mais de duas séries e abro uma dezena de filmes, o que deve confundir a IA do streaming.
    Estudo budismo, cujo caminho tento seguir, mas as outras religiões todas me fascinam. Por isso estudo todas as coisas da fés e elas me emocionam.
    Bendito o zolpidem que me desliga, o que, comprovo, impede os sonhos dormindo. Daí, menina, sonho acordada e escrevo, escrevo e um dia, quem sabe, eles se realizem, né?
    Bolos? Só faço eventualmente, e quase sempre de maçãs.

    • Ofélia querida, minha cabeça é mesmo tagarela. Ja tentei ioga, mas não dei conta. Quanto aos bolos, vivo experimentando. Isso apesar de viver sob a ditadura dos bolos de milho e de chocolate, top 5 aqui de casa.Tentando me libertar do zolpiden. Beijo pro cê.

  4. Amei! Gosto muito do seu amor pela cozinha, inclusive adoro seu tempero.. amo os bolos que você faz. Adimiro amor que vc tem pela familia. Quanto aos outros gosto prefiro não me posicionar até por que eu não conheço. rsrsrsrs.. texto ficou excelente.

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