Em dias mais amenos como agora no Outono, o café ajuda a aquecer o corpo. Faz mais. Traz conforto pra alma. Pelo menos para a minha. E foi com essa intenção que decidi tomar um machiatto em uma cafeteria do Shopping Cidade.
Quando a moça do balcão me entregou o copo lá veio um misto de desapontamento e de tristeza. Reclamei quase implorando pelo mimo: – Uai! Você não fez o coração.
- Me desculpe, mas o coração é só no mocha. Mas, espere só um minuto, pediu, recolhendo o copo da minha mão.
De volta e com um sorrisão estampado no rosto, disse:
- Fiz pra você. Mas tome logo antes que o coração desapareça.
Agradeci comovida e engoli o choro junto com o afago, com a pressa de quem precisa de um abraço. Café tomado, conta paga, sai de lá com a certeza de que o mundo não está tão ruim assim. A humanidade ainda tem salvação. Talvez seja a pressa que a rotina nos impõe, talvez seja o atropelo das novas tecnologias.
A verdade é que a gente tem tido poucos olhares para gestos generosos. Muitos passam desapercebidos. Gestos pequenos, gestos médios, gestos grandiosos. Há uma tabela para medir o afeto despretensioso? Há como mensurar a empatia, o desejo de agradar ou de ser útil? Acredito que não. Todos são sempre muito bem-vindos.
A propósito, a palavra empatia está na boca do povo. Mas o que é de fato essa tal de empatia? Objetivamente, pode-se dizer que é a capacidade de reconhecer e compreender o sentimento do outro. De colocar-se em seu lugar sem julgamento, com uma atenção ativa e respeitosa. Ok. Mas e a prática? Alô Bernardo Toro! Como sair do conceito para a prática?
Para alguns, é um processo natural, apesar de sempre se apresentar como um desafio. Compreender o que alguém está sentindo muitas vezes envolve abrir mão do nosso próprio ponto de vista para tentar enxergar a perspectiva alheia. Essa disposição requer habilidades, como escuta ativa, paciência, humildade e respeito.
A pessoa empática é capaz de se conectar profundamente com o outro, de promover uma relação de confiança e respeito mútuos. A empatia também é importante para resolver conflitos, uma vez que ela ajuda a encontrar uma solução que beneficie ambos os lados.
Se você ouvir os entendidos na mente humana certamente eles vão dizer que não é preciso ser um especialista ou ter um conhecimento profundo em inteligência emocional para ser uma pessoa empática. Vão insistir que basta um pouco de esforço e dedicação para desenvolver essa habilidade. Escutar ativamente, prestar atenção em linguagem corporal, expressões faciais e compreender a perspectiva do outro são alguns passos importantes para começar a praticar a empatia. Será?
A verdade é que reforçar a prática da empatia pode ser benéfico tanto para quem a pratica quanto para quem é alvo de um gesto amoroso. Afinal, quando nos colocamos no lugar do outro somos mais pacientes, tolerantes e eficientes na resolução de conflitos. Eu diria que a empatia é uma porta aberta para o desenvolvimento de relações saudáveis e respeitosas, tanto na esfera pessoal quanto profissional. É a nossa contribuição para que o mundo se torne mais tolerante, mais justo e equilibrado.
Ah, antes de ir, um recadinho para moça da cafeteria do Shopping Cidade:- Obrigada por me dar seu coração. Eu estava mesmo precisando dele.
https://www.letras.mus.br/caetano-veloso/43872/
A vida só faz sentido se for feita com coração!
Sempre! Beijo, Gi!
Ando precisando de corações e quero muito dar mais corações ainda. Lindo texto
Obrigada, minha quwrida!
Sempre tento me colocar no lugar do outro. É meu jeito de tentar fazer do mundo um lugar melhor. Obrigada Gi por compartilhar um texto tão belo!!
Sou eu quem lhe agradece pela generosidade em ler os meus escritos. Obrigada!