Dia desses reencontrei o Márcio, um colega dos tempos do primário. Meu irmão o chamava de Gabarro. Aí foi uma loucura. Cachoeira de lindas histórias. Vendaval de ótimas lembranças.
- Você tá lembrada do Fernando? Você acredita que eu o vi outro dia? Virou fotógrafo. Mora em Divinópolis.
Coincidência ou não, na semana seguinte o nome do Fernando voltou à baila (ops!). Dessa vez no grupo “Memórias de Conceição do Pará”. Foi um tal de “você lembra disso, você lembra daquilo?” Teve até revelação.
- Fulana de tal era apaixonada por ele?
Uai, fulana de tal não tem nome, não? Até tem, mas, vai que … Melhor abafar o caso.
Conversa vai, conversa vem, o papo sobre o Fernando foi longe. Ora como protagonista, ora como coadjuvante. Naquela prosaica tarde de sábado, acreditem, o moço chegou ao “trending topics” do nosso baú de memórias.
Aliás e a propósito, estou amando fazer parte desse grupo. Acabou virando ponto de encontro dos moradores de Conceição do Pará. Tanto dos ausentes quanto dos presentes. Tipo o “Bar do Joaquim”. Saudosistas estão sempre por lá. Não saudosistas também. Coisa linda de viver.
Mas voltando ao Márcio, ele também lembrou do dia em que eu e a Aparecida bancamos a enfermeira. Ele tinha se ferido com uma foice. A sorte é que Dona Leila, nossa primeira professora, mantinha uma “farmacinha” na sala de aula. Recorremos ao “estoque” dela para salvar o pé do Márcio.
– Vocês duas limparam o corte com água oxigenada. Depois usaram mercúrio e cobriram com gase. Acabei de curar em casa com uma mistura de bálsamo, sapeixe verde e vinagre. Tudo socado. Depois eu espremia o suco por cima do machucado. Fiquei novo em folha.
Às vezes uma pulga me cutuca aqui atrás da orelha. Será que estou cansando vocês do tanto que falo sobre meu lugar e minha gente? Se estou, já vou pedindo desculpas. A coisa vai longe. Ainda tem muita história por ser espalhada. Leon Tólstoi disse certa vez que se alguém quer ser universal tem que contar sobre a sua aldeia. Se essa é a ideia, então tá.
E antes que eu me vá, por falar nos amigos, quero deixar expresso aqui o meu desejo de nunca me perder de vocês. De ser ponte e apoio se alguém precisar. Assim como descreve Fernando Pessoa:
“Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos. Nem tão longe e nem tão perto. Na medida mais precisa que eu puder. Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida. Da maneira mais discreta que eu souber. Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar. Sem forçar tua vontade. Sem falar, quando for hora de calar. E sem calar, quando for hora de falar. Nem ausente, nem presente por demais. Simplesmente, calmamente, ser-te paz. É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender! E por isso eu te suplico paciência. Vou encher este teu rosto de lembranças. Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias.”
Doces lembranças. Amigos se reencontrando e lembrando de histórias esquecidas ou guardadas no coração.
O universal se encontra é na diversidade particular. “Sou do mundo, sou Minas Gerais”. A realidade humana se manifesta plena é nas pequenas coisas cotidianas. Os momentos heróicos são poucos e raros.
Nunca me canso, aliás gosto demais de ser parte disso, poder ler suas histórias é muito bom e interessante! Só posso agradecer 😊🙂😘