Ofidiofobia é uma palavra esquisita, né mesmo? Descobri que sofro disso. Tenho um medo sem limites de cobras e de serpentes. Se rastejou ou sacudiu o chocalho, corro léguas do lugar. Filmes com cobras, tipo Anaconda? Nunca assisti. E se for fotografia então? Nem olho. Zoológico? Nem passo perto.
Há anos meu Tio Francisco foi caçar passarinhos na Mata da Lajinha. Naquele tempo engaiolá-los era permitido. Ninguém se culpava. Nenhuma pessoa era punida por isso. Pois, bem! Durante uma dessas incursões pela mata meu tio acabou picado por uma jararaca. Felizmente foi socorrido a tempo. Em se tratando dessa espécie, a ação do veneno no organismo demora até seis horas após o acidente para fazer efeito. Assim, deu tempo de salvá-lo. A pessoa sente muita dor. O local da picada fica inchado, quente e vermelho. Ha casos de sangramentos que se estendem para outros locais do corpo, como gengiva e nariz. Uma tragédia.
Ricardo, um dos meus irmãos, me contou que por aqui há um local conhecido como “Mata das Cobras”. A razão do nome não preciso nem dizer, né mesmo? Sofro só de imaginar o local. Cobra nas árvores, nos buracos, rastejando pelo chão. Deus me livre e guarde. Credo!
O Ricardo contou que o Chiquinho Maria, dono da fazenda, preservava a mata para esse fim. As cobras se concentravam ali. O restante do terreno era usado para criar gado. Assim, nessa Fazenda, era boi prum lado e cobra pro outro. Tipo eu e elas (as cobras). O Ricardo não tem certeza, mas desconfia que hoje ainda é assim.
Há quem não sinta medo algum. Há dias o fotógrafo e biólogo Daniel de Granville postou no Instagram o que ele chamou de “bolo de cobras”. O registro foi feito em Bonito (MS). Esse “bolo”, na verdade, era o acasalamento de uma fêmea de sucuri verde com vários machos (epa!). Na legenda o Daniel disse que era um fenômeno raro. Quer saber? Raro ou não, a verdade é que ele não convenceu nem com esse argumento. Não assisti. Parei na legenda.
Outro biólogo, o Christian Raboch, da Fundação Jaguatarense de Meio Ambiente (Fujama), foi picado enquanto mostrava uma cobra cipó para as câmeras.
- Olha aí! Tomando uma grampeadinha, brincou Raboch.
Para tranquilizar os seguidores, o biólogo disse que a “grampeadinha” não iria dar em nada. “Cobra cipó não é venenosa. Se picado, basta desinfetar o local.”
Mas voltando à origem, fui pesquisar sobre esse meu pavor pelos seres rastejantes e letais. Pelo que apurei sou vítima de transtorno de ansiedade. Tem tratamento. Mesmo assim prefiro manter distância. Quanto mais longe as cobras estiverem de mim melhor. Vade retro.
Você deve estar ai matutando.
- Se tem tanto assunto agradável e ela tem tanto horror às serpentes porque foi falar logo sobre elas?
A culpa é do tal do algoritimo. Inventei de deixar emogis de medo nos vídeos do ” bolo de cobra” e na picada da cobra cipó e deu nisso. Agora ando vendo esse ser rastejante por todo lado. Overdose de rastejantes. Pra meu desespero na minha timeline só tem dado cobra.
Pra ficar livre dessa perseguição cibernética – minhas redes sociais tornaram-se um verdadeiro serpentário – tô apelando pra tudo, inclusive pra intercessão divina. A Jacq até me ensinou uma reza pra afastar essas criaturas. Se funciona pra afugentar as danadas no mato, por aqui também deve ser tiro e queda. Que assim seja.
“São Bento, Água Benta,
Jesus Cristo no altar,
reda cobra, reda bicho ,
deixa o filho de Jesus passar.
Amém.”