Prepare a pipoca e o coração

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Imagem - Pixabay
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Aqui em casa, criou -se uma lenda que sou uma semianalfabeta digital. Alguns querendo melhorar o cenário, uma  tentativa que eu avaliaria como inútil, dizem que não é bem isso, que tô mais para uma analfabeta digital funcional. Ãh?

A verdade é que ando mesmo meio preguiçosa. Falta desejo pra ficar correndo atrás da tecnologia. Tudo muda muito rápido.  O que há um dia era inovação hoje já está superado.

  • Nossa, você ainda está usando essa ferramenta?

Uai! É claro que estou. Ela ainda me atende perfeitamente. Pra que mudar?

  • E esse celular? Seu aparelho está ultrapassado demais. Ainda é da geração “X”.

Meu Deus! Mas eu o comprei há um ano. Tá certo que ele anda meio caído, que a tela tá trincada, coisa e tal. Mas o que eu posso fazer se me apeguei a ele. Sou unha e carne com o meu cel. Não preciso de outro, mesmo que um novo me ofereça um conjunto de câmeras incrível, tela grande, processador super potente e conexão 5G etc e tal.

  • Que coisa mais antiga. Você ainda lê livros impressos?  Hoje os livros estão digitalizados. Pra facilitar tem também os áudio-livros. Parece que você nasceu no século XVIII. É “cringe” demais.

Se isso é ser “cringe” então eu sou mesmo.  Amo livros impressos. Amo especialmente os que encontro nos sebos. Sabe aqueles com dedicatória, anotações no cantinho, que têm manchas de dedos? E  os que vêm com uma folhinha seca perdida em meio às páginas? Já encontrei fotos, bilhetes, recortes de receitas e trechos de notícias.

Dia desses li um comentário da Adriana Pinheiro. Ela falava sobre o amor que sente pelos livros de sebo. Dizia dessas surpresinhas que ajudam a contar novas histórias. Falava que elas acabam por se tornarem um livro dentro de outro livro. E num é que é mesmo?

E como um assunto leva a outro tô pensando em indicar a você um “kdrama” lindinho que está na grade do Netflix. Se você ainda não assistiu ao “Romance um the bonus book”,  coloque na sua lista de prioridades.

O enredo é uma homenagem ao livro, ao leitores, escritores, editores e livreiros. Sem dar spoiller e já dando, o enredo vai além do jovem editor-chefe que se envolve na vida de uma redatora desesperada por trabalho. É muito mais que isso. O grande protagonista desse dorama é o livro.

E antes que uma das minhas irmãs diga que eu so ando falando nisso, devo deixar claro que não estou sozinha. A Camila Monteiro, jornalista e estudante de doutorado em música, mídia e fandoms, confessa que a sua vida se divide em antes e depois que ela se viu diante do Park Jimin, não por acaso um dos protagonistas desse dorama . Além do mocinho, Camila enumera outros motivos que a levaram a ficar por nove horas (isso mesmo, nove horas) assistindo ao “Romance is a bonus book”.

O fato da protagonista ser uma mulher mais velha que se apaixona pelo mocinho e que está de volta ao mercado de trabalho depois de anos afastada, também a convenceu a dar play. Isso sem falar em alguns mistérios e nos muitos restaurantes que ela (só ela?) gostaria de ir e dos casacos que ela gostaria de ter (olha euzinha balançando a mão aqui de novo). Há também e principalmente os livros e os poemas que deixam o roteiro terno e sensível.

E tem mais. Camila aponta a qualidade do roteiro, as locações, os diálogos entre o casal protagonista e o relacionamento entre os personagens secundários. “Tudo isso  transforma “Romance is a bonus book” numa série que mexe com os nossos afetos, a nossa relação com livros, fiçcão, personagens e nos faz refletir sobre as nossas histórias: quem conta, quem lê, quem virou página passada e quem volta para reescrever novos capítulos na nossa vida.” Ou seja, tudo isso é a minha cara. Identidade total.

Ah! É sempre bom lembrar que “A lua é linda”.  Por que estou dizendo isso? Uai, primeiro porque a lua é linda mesmo e depois porque … Epa, olha o spoiler ai, gente! Quer saber? Então é só preparar a pipoca e assistir ao “Romance is a bonus book” . Você também vai se encantar. Tenho certeza.

Por hoje é só. Indo ali reler “Tudo é rio”, um livro incrível escrito com maestria pela Carla Madeira.

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