Frequentemente alguém aqui de casa comenta:
- Você gosta mesmo de cozinhar, né Gisele?
Gosto, não. Amo. Mais que cozinhar, gosto de compartilhar, dividir. O retorno? Ah, o retorno vem no brilho do olhar, no sorriso, no gesto de quem repete o prato e elogia o sabor. Tem também aquele que reza e agradece pelo pão, pela comida na mesa. É como diz a Nalu Saad, uma querida: “Compartilhar comida é alimentar o estômago do outro e a alma da gente”.
E nesses tempos sombrios frequentemente me abrigo na cozinha. Fico por ali, ensimesmada, por horas a fio. Pesquiso nos livros e nos cadernos da família, vasculho sites e blogs de culinária, reproduzo receitas, crio, invento. Se dá certo? Muitas vezes, sim. Outras, não. E se dá errado, quem sabe tem jeito? Algumas vezes, tem. É que nem na vida da gente.
Quer um exemplo? Vai que lhe passa pela cabeça fazer um risoto. Humm, delícia! Não sei vocês, mas a gente ama risoto. Não figura na categoria das “top five”. Mesmo assim, esse é um prato que agrada a maioria. Voltando à vaca fria (ops!?), bateu vontade, já pra cozinha. Ai, seleciono a receita, escolho os ingredientes, acendo o fogo e fico horas por ali mexendo a panela pra liberar o amido. Haja braço. Ainda bem que por aqui a gente tem o Gabriel, que é um personal pra ninguém botar defeito.
Depois de um bom tempo, braço em frangalhos, comida pronta, começo a servir. Só ai esse meu olhar exigente (a gente também come com os olhos, lembra?) e paladar apurado percebem que o risoto não ficou com a cremosidade desejada e que o sabor podia ter ficado melhor. Que tristeza! Sou dessas. Desço ao inferno. Sofro como uma danada quando a minha comida não fica lá essas coisas.
Mas, pra tudo dá-se um jeito. Tem alguém aí lembrando de Lavoisier? Pois, é! Nem pense em descartar. Afinal, a gente não quer entrar na estatística do desperdício de alimentos, né mesmo? De volta à cozinha, o risoto que sobrou vira arancini. Arancini? Sim. Um bolinho que é tipo a coxinha dos italianos. Por lá, todo mundo ama. Delicioso, faz uma festa no céu da boca. Tão bom! Tão fácil de fazer. É só esperar o risoto esfriar, modelar as bolinhas, rechear com carne, queijo ou com o que você preferir e fritar. Depois é servir, esperar pelos aplausos e comemorar. Afinal, a gente veio ao mundo pra servir feliz. Mesmo que seja aos bocadinhos.
No mais, desejo a você que me lê um céu de brigadeiro em meio à esse voo turbulento. Que nesse e em outros dias a sua mesa esteja sempre farta e que você tenha ao seu lado pessoas do bem com quem compartilhar o pão nosso de cada dia.
Arancini
Ingredientes
• sobras de risoto
• recheio da preferência (cubos de mussarela, carne desfiada, mas pode ser calabresa, bacon, vai do gosto)
• farinha de trigo
• ovos batidos com um pouco d’água
• farinha de rosca
Modo de Preparo
Pegue uma porção de massa na mão, faça uma bolinha, adicione o recheio e feche bem. Passe pela farinha de trigo, pelos ovos, farinha de rosca e frite até dourar.
A casquinha fica crocante, e por dentro, o risoto garante a cremosidade; misturado com queijo, então? Ah, que delícia!
É isso mesmo, Gisele! Receitas que quase dão certo viram criações maravilhosas nas mãos de quem conhece a arte de cozinhar para a família!! Beijos!!😘😘😘