A atividade fitness está, normalmente, associada a uma parcela mais jovem da população. Mas as pessoas mais velhas, como de 90 anos, por exemplo, estão simplesmente condenadas a cuidar dos netos? Jogar baralho ou dominó e ficar em casa ruminando as inevitáveis dores nas articulações? E se o idoso se disputar a ser mais que um aluno de atividades físicas e decidir ser professor na área? Isso pode?
Claro que pode. É o que prova a japonesa Takishima Mika, ou simplesmente Takimika, hoje com 90 anos, que começou a dar aula de ginástica aos 87 anos. Até então, ela era uma dona de casa em tempo integral. Sua história, portanto, é um exemplo e deve servir de inspiração para várias gerações, dos mais jovens aos mais idosos.
A nonagenária começou a praticar esportes já na terceira idade. Tudo começou quando ela tinha 65 anos, após um comentário desabonador do marido. “Na época eu era mesmo rechonchuda. E eu, teimosamente, me recusava a admitir que estava acima do peso. Um dia, porém, meu marido comentou sobre o meu peso e foi aí que resolvi entrar para a academia”, conta Takimira.
Até então, ela levava uma vida completamente sedentária. Mas entrou para a academia e, em cinco anos, após muito trabalho duro, perdeu 15 quilos. Tomou gosto pela atividade física e nunca mais parou. Com 90 anos é professor famosa no Japão.
Disciplina rígida
“A idade nada mais é do que um número. Na verdade, nunca é tarde para começar algo novo”, ensina Takimika, que nasceu em 15 de janeiro de 1931 no Japão, um dos países com maior expectativa de vida do mundo (84 anos, contra 75 do Brasil), que tem hoje cerca de 80 mil centenários.
A alegria e disposição que sempre demonstrou nos treinos resultou num convite para ser instrutora. E veio de sua treinadora e proprietária da academia Power Aging, Nakasawa Tomoharu, onde ela treina. Num determinado dia, a treinadora anunciou: “você faz a lição hoje”. Já com 87 anos, ela não hesitou em aceitar o desafio.
“Cada centímetro do corpo de Takishima exala amor pelo treinamento. Ela também é uma ótima oradora. Quanto mais eu trabalhava com ela, mais eu achava que era um desperdício tê-la penas como aluna; e é por isso que meio que a forcei a assumir o papel de instrutora de fitness”, contra a treinadora.
Takishima tem uma disciplina rígida. Às 23 horas vai a cama. E dorme pouco. Por volta de 3 horas da manhã pula da cama. Ás 4 horas da manha começa a praticar exercícios físicos. Caminha 4 km, corre outros três e ainda caminha mais um km de costas. Segundo ela, para dar mobilidade ao corpo e treinar o cérebro.
Duas horas de treino todos os dias, que ela diz passar em minutos. Por volta de 7 horas da manhã, toma um café reforçado: salmão ou outro peixe grelhado, natto (soja fermentada), ovos, tofu e kimchi (acelga fermentada considerada um alimento que melhora a microbiota intestinal, previne o colesterol e outras doenças.
Bumbum de brasileira
Depois do café ela cuida da casa e faz alguns alongamentos. Mesmo quando está sentada no sofá vendo TV, mantém o abdome contraído e a coluna reta. No almoço, uma comidinha mais leve: geralmente um iogurte e uma banana.
O período da tarde ela dedica aos treinos de musculação, por pelo menos duas horas, e dá suas aulas online, por conta, evidentemente, da pandemia do coronavírus. O jantar segue o princípio do almoço, com muitos vegetais típicos da culinária japonesa. Mas ela não abre mão de uma taça de vinho. Com saúde de ferro aos 90 anos, seu estilo de vida tem se mostrado vitorioso.
“Decidi que queria ter um bumbum como a de uma mulher brasileira”, diz a bem-humorada Takimika. “Depois que consegui, decidi que queria ter ombros largos e cintura estreita”, brinca a nonagenária fitness.
Antes de dormir, Takimika trabalha no preparo de suas aulas no computador; E ainda encontra um tempinho para estudar inglês. Aposentadoria, mesmo com 90 anos, nem pensar. Seu sonho é chegar aos 100 anos dando aulas e ajudando mais gente a chegar lá com a disposição e energia.
Com informações de canaljapanon.com
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