Sobre costuras, cair e levantar

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Imagem de Michal Jarmolukm - Pixabay
Imagem de Michal Jarmolukm - Pixabay

Em um post mais antigo a Érica Gaião disse algo que tem tudo a ver comigo. Melhor dizendo, tem tudo a ver conosco. Diz a Érica que somos feitos de um tecido de gente que na dor se desintegra e na felicidade se recompõe inteiro.

Não se trata de mágica. Acredito que essa reconstrução acontece porque há sempre uma mão habilidosa que nos socorre e recompõe os nossos fios, um a um, mesmo que a nossa alma se esgarce de tempos em tempos. Essa costura milagrosa vem acontecendo não é de hoje. É cada tombo que a gente leva, né? É um cai e levanta sem fim.

Não ando muito dada a sorrisos, mas essa história de cai e levanta me lembrou a Dona Elza, a professora de Educação Física que era o terror das manhãs de inverno da minha infância. Dona Elza nos orientava sobre o exercício e demonstrava como fazer os movimentos. Mas era a conta dela ficar de costas para que ninguém mais se mexesse. E quando tinha corrida ou caminhada até a Lajinha? Meu Deus! Que sacrifício. Mais de seis quilômetros ida e volta. E eu sempre a última da fila.

  • Anda, menina! Deixa de preguiça! E lá ia eu me arrastando pela estrada de terra. Uma tortura. Para aliviar, abstrair, sei lá, dar conta, rezava e cantava mentalmente. Mesmo assim, nada! Conceição não chegava nunca. Parecia estar no fim do mundo.

Ainda hoje é assim. Nem as super pilateiras Gyslaine e Denise conseguem me estimular. Acredito até que a Ana Dulce vai acabar desistindo de mim.

  • Tia Gisele, você precisa fazer Pilates. Vai ser ótimo para você.

A Aninha está certa, mas cadê animação, vontade? Ânimoooo, por onde anda você? Nem rezando pra “São Joseph Pilates” consigo resolver essa minha pendenga.

A Ana Dulce não foi a primeira a querer me botar pra malhar. Lá atrás, quando eu ainda era bem “xovem”, o Dr. José Maria Borges já se antecipava. Vivia insistido para que eu me exercitasse.

  • Você ainda é muito nova. Hoje não sente falta. Mas vai chegar um momento em que vai se arrepender desse seu sedentarismo.

Dito e feito. Cá estou eu. Sem ânimo. Sem energia.

Mas, voltando à vaca fria, sobre refazer o tecido, refazer a trama, essa tal da fadiga pandêmica anda mexendo mesmo com a gente, heim?

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