O Papa Francisco se inspirou na canção “Samba da Bênção”, do nosso “poetinha” Vinicius de Moraes, para escrever a sua nona encíclica, chamada “Fratelli tutti” (Todos irmãos), na qual denuncia as desigualdades e o “vírus do individualismo e pede o fim do “dogma neoliberal”.
No texto, o Papa também defende a fraternidade “com atos e não apenas com palavras” e em determinada parte cita um trecho da canção de Vinícius: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.
De acordo com o Papa, devemos incentivar a cultura do encontro, em que todos podem aprender algo e na qual ninguém é inútil. “Isto implica incluir as periferias. Quem vive nelas tem outro ponto de vista, vê aspetos da realidade que não se descobrem a partir dos centros de poder onde se tomam as decisões mais determinantes.”
Para o Pontífice, é preciso repensar o dogma neoliberal, que ele classificou como um “pensamento pobre, repetitivo, que propõe sempre as mesmas receitas diante de qualquer desafio que se apresente”. O Papa ainda advertiu que a especulação financeira com o lucro fácil como objetivo fundamental continua provocando estragos e assinalou que “o vírus do individualismo radical é o vírus mais difícil de derrotar”.
Pandemia do coronavírus
Sobre a pandemia do novo coronavírus, o Papa Francisco observou que a Covid-19 deixou evidente que nem tudo se resolve com a liberdade de mercado e mostrou a fragilidade dos sistemas mundiais diante de um problema dessa natureza. Ele também pediu uma nova ética nas relações internacionais.
“Vimos o que aconteceu com as pessoas mais velhas em alguns lugares do mundo por causa do coronavírus. Não tinham que morrer assim (…) cruelmente descartados”, lamentou o pontífice.
Na nova encíclica, Francisco volta a condenar a pena de morte. “Hoje afirmamos com clareza que a pena de morte é inadmissível e a Igreja se compromete com determinação para propor que seja abolida em todo o mundo”.
Vinícius
No vídeo abaixo, você pode ver o poeta Vinícius de Moraes contando a música Samba da Bênção, acompanhado no violão pelo seu parceiro Toquinho: