A Sputnik V, a vacina russa contra a Covid-19, a primeira do mundo a ser registrada oficialmente, será testada em pelo menos dez mil voluntários brasileiros. Embora o governo russo tenha registrado e decidido começar a vacinar a sua população contra o coronavírus em meados de setembro, a Sputnik 5 não passou ainda pela última fase de testes em humanos para verificar sua eficácia e segurança.
A testagem no Brasil será coordenada pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), que já está em negociação com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a quem cabe liberar a realização dos testes com brasileiros. Como é preciso vencer as etapas burocráticas, a expectativa é que o trabalho comece no final de outubro.
As negociações entre o governo russo e o governo do Paraná, que controla o Tecpar, já existiam desde julho. Em 12 de agosto, um protocolo de intenção foi assinado entre as partes, já com a pretensão de realizar os testes da vacina no Brasil.
O país passou a ser bastante procurado por governos e laboratórios que estão desenvolvendo vacinas contra a Covid-19 porque o vírus ainda circula de forma intensa em território brasileiro (com grande número de infectados e, infelizmente, de mortes). E essa é uma condição essencial para as testagens em massa.
Eficácia e segurança
Para o governo russo, os testes no Brasil, e em alguns outros países, como Índia, Coréia do Sul e Cuba, são importantes porque vão confirmar se o imunizante é, de fato, eficaz e seguro. Apesar de a Rússia ter saído na frente na corrida por uma vacina contra a Covid-19, a comunidade científica internacional recebeu a notícia com desconfiança exatamente pelo fato de a Sputnik 5 não ter sido testada num grande número de pessoas.
O Instituto Gamaleia, que desenvolveu a vacina em parceria com o Ministério de Defesa da Rússia, informa que os testes em massa serão feitos com os russos em paralelo ao início da vacinação em massa, prevista para começar em setembro. E também em outros países, como é o caso do Brasil.
Mas para tentar demonstrar que a vacina é segura e cria anticorpos contra o novo coronavírus, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ao anunciar que o medicamento já estava registrado, revelou que uma de suas filhas tinha sido vacinada.
Entres brasileiros, estão sendo testadas, na sua última fase, as vacinas contra a Covid-19 desenvolvidas pela Universidade de Oxford, do laboratório chinês Sinovac, dos laboratórios BionTEch (alemão) e Pfizer (Estados Unidos) e da Johnson & Johnson.
Esses laboratórios estão vacinando, em fase de testes, 22 mil voluntários brasileiros. O número subirá para cerca de 32 mil, se forem confirmados os dez mil testes da vacina russa. O laboratório chinês Sinopharm, que está desenvolvendo duas vacinas contra a Covid já em fase final de testes em 15 mil voluntários nos Emirados Árabes, também estuda testar seus imunizantes em brasileiros.