Um marco na engenharia brasileira e também na preservação da biodiversidade: o país ganhou o seu primeiro viaduto vegetado, que vai ajudar a proteger o mico-leão-dourado, um primata endêmico do Brasil oriundo da Mata Atlântica. Na natureza, só restaram 2.500 exemplares da espécie, que só não desapareceu graças a luta de ambientalistas e pesquisadores.
O viaduto foi construído na BR-101, na altura de Silva Jardim, a 120 quilômetros do centro do Rio de Janeiro, e liga a Reserva Biológica de Poço das Antas com a fazenda Igarapé, da Associação Mico-leão-dourado.
O trecho onde a obra foi feita foi escolhido de maneira estratégica, após a realização de um mapeamento, que identificou os locais com maior sensibilidade ambiental e com altos índices de atropelamento de animais.
A sobrevivência do mico-leão-dourado, segundo os especialistas, depende da circulação dos animais por diferentes áreas, aproximando os grupos e garantindo a maior variedade genética da espécie. Por essa razão é que foi construído o viaduto vegetado, uma vez que a estrada divide a reserva da fazenda Igarapé.
”As matas da região são muito fragmentadas e a duplicação da rodovia forma uma barreira impedindo a circulação dos animais e isolando populações. Os micos utilizam as árvores para mover, eles precisam se sentir protegidos de predadores”, explica Luís Paulo Ferraz, secretário-executivo da Associação Mico-leão-dourado.
Ainda hoje, o trânsito de animais entre a reserva e a fazenda é feito com a travessia da rodovia, o que representa grande risco de atropelamento.
Sobre o viaduto, foram plantadas 200 mudas de espécies nativas da Mata Atlântica, e a previsão da empresa Arteris Fluminense, responsável pela obra, é que dentro de 2 a 3 anos a área esteja completamente verde e já liberado para a circulação dos micos e também de outros animais.
“Quando nós estamos trabalhando com o mico-leão-dourado, nós estamos trabalhando para salvar a Mata Atlântica, para salvar outras espécies que também circulam por aqui. E, com isso, a gente está contribuindo para todos os serviços ambientais que a floresta nos oferece”, assinala Luís Paulo Ferraz, secretário-executivo da Associação Mico-leão-dourado.
Segundo ele, há previsão de construção de um outro viaduto vegetado ao longo da rodovia. “Este problema com as infraestruturas que cortam a paisagem de conservação dos micos foi bem encaminhado e esperamos excelentes resultados. Outras passagens mais leves também foram construídas, como túneis para a fauna terrestre e passagens copa a copa (como uma passarela de pedestres) que permitem os animais cruzarem a rodovia”, acrescenta Luís Paulo.
A Reserva Biológica de Poço das Antas foi criada em 1974 pelo então Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF, atualmente Ibama) e foi a primeira unidade de conservação da espécie no país. O mico-leão-dourado só é encontrado em pequenas ilhas verdes do que restou da Mata Atlântica espalhadas por oito municípios do estado do Rio de Janeiro.
Mas poderia dar prioridade ao Anel Rodoviário, fazendo as Rampas de escape e um viaduto para o retorno na BR 040 bairro liberdade, onde os carros tem que fazer a travessia da via 040.