Testar, testar, testar. Essa sempre foi uma das recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma estrategia para tentar conter o avanço do coronavírus. Mas o Brasil é um dos países que menos testa e uma das razões é que o teste mais eficiente, chamado RT-PCR, ou molecular, é caro. Mas a startup Cellco Biotec, de São Carlos (SP), está desenvolvendo um método para tornar essa testagem não somente mais barata, mas também mais rápida.
Hoje, no mercado brasileiro, um teste molecular, que é importado, pode custar até R$ 350 e o paciente recebe o resultado em 48 horas após a realização. Não há ainda um valor estipulado para o teste da Cellco, mas já se sabe que ele será bem mais barato, uma vez que 90% dos insumos para a sua realização são nacionais.
Os testes RT-PCR, considerados padrão-ouro no diagnóstico da Covid-19, são realizados, em sua grande maioria, em um modelo chamado singleplex, em que o material genético do vírus, que é extraído de amostras de secreção da garanta ou do nariz dos pacientes, é processado em quatro tubos. Esse procedimento é que torna o exame mais caro e demorado.
Mas a Cellco está desenvolvendo um kit de diagnóstico de Covid-19 com o teste molecular pelo método multiplex, em que todas as reações ocorrem em único tubo. De acordo com os pesquisadores, o método possibilita não só realizar testes de uma amostra muito maior de pacientes de uma única vez, como os torna mais baratos, uma vez que a quantidade de reagentes utilizados será menor.
“A proposta é entregar ao mercado brasileiro, em breve, um kit de detecção do tipo RT-PCR multiplex totalmente nacional”, diz a pesquisadora Naiara Utimura Torres, a responsável pelo projeto. Segundo ela, além da redução do custo, a realização do teste molecular pelo método multiplex permitirá testar mais amostras ao mesmo tempo.
Hoje, conforme especialistas, a maioria das máquinas utilizadas em laboratório para o processamento dos testes do tipo RT tem capacidade para 96 tubos amostrais. Significa que em uma mesma rodada de análise, que dura por volta de duas horas, é possível saber, de uma única vez, se 24 pacientes foram infectados pelo vírus, uma vez que cada amostra de secreção é avaliada em quatro tubos diferentes.
Kit nacional
Pelo método proposto pela Cellco será possível analisar as amostras de 96 pessoas, de uma única vez. “Isso será possível porque os fragmentos do material genético do vírus, que são usados para detectá-lo, serão analisados só uma vez, em um único tubo”, explicou a pesquisadora Naiara Torres.
Empresas estrangeiras, como conta a pesquisadora, desenvolveram teste molecular pelo método multiplex. Mas sua importação é cara, em razão do câmbio e da alta demanda por testes de diagnóstico da Covid. A Cellco Biotec, hoje, já produz 90% dos insumos para realizar o teste.
Existem dois testes para detectar o coronavírus: o tipo RT-PCR, ou molecular, de alta sensibilidade, com elevadas taxas de acerto e que detecta o vírus nos primeiros dias de infecção; e o tipo sorológico, ou teste rápido, com coleta de sangue, cujo resultado sai em cerca de dez minutos, e que indica a presença de anticorpos no organismo, ou seja, se a pessoa já foi ou não infectada pelo coronavírus.
Com agência Fapesp