A cura: poema para acalmar a alma em tempos de Covid-19

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Bela Geletneky

O poema que por aqui no Brasil está sendo chamado de “A Cura”, mas cujo nome verdadeiro é “No tempo da pandemia”, viralizou nas redes sociais. Ganhou versões de gente famosa no mundo inteiro, foi musicado em vários países e por aqui teve interpretação do excelente ator Antônio Fagundes, que ele disponibilizou na sua conta do Instagram (abaixo).

Chegou a ser atribuído à escritora católica franco-irlandesa Kathleen O’Meara, que viveu entre os anos de 1839 e 1888. Corre na internet que esse poema com ar premonitório, que seria uma referência à pandemia do coronavírus, teria sido escrito por ela em 1869.

Não foi. A verdadeira autora do texto é Catherine M. O’Meara, uma advogada criminalista que vive em Michigan, nos Estados Unidos, e que costuma escrever reflexões sobre a vida em seu blog, chamado The Daily Round, sob a alcunha de Kitty O’ Meara. E o texto é bem recente: foi publicado por ela em 20 de março.

Mas é lindo e vale ser lido, logo abaixo, e também ouvido, na interpretação de Fagundes.

A cura (ou No tempo da pandemia)

E as pessoas ficaram em casa
E leram livros e ouviram música
E descansaram e fizeram exercícios
E fizeram arte e jogaram
E aprenderam novas maneiras de ser
E pararam
E ouviram mais fundo
Alguém meditou
Alguém rezava
Alguém dançava
Alguém conheceu a sua própria sombra
E as pessoas começaram a pensar de forma diferente.
E as pessoas curaram.

E na ausência de gente que vivia
De maneiras ignorantes
Perigosos, perigosos.
Sem sentido e sem coração,
Até a terra começou a curar
E quando o perigo acabou
E as pessoas se encontraram
Eles ficaram tristes pelos mortos.
E fizeram novas escolhas
E sonharam com novas visões
E criaram novas maneiras de viver
E curaram completamente a terra
Assim como eles estavam curados.

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