Boyan Slat, um holandês de apenas 25 anos, desenvolveu uma tecnologia que começou a recolher lixo plástico numa região do oceano pacífico, onde estão concentradas 79 milhões de toneladas desse material
Um jovem idealista de apenas 25 anos começou a colocar em prática, no último mês de junho, uma tecnologia que ele desenvolveu para tentar resolver um dos grandes desastres ambientais da humanidade, que é a concentração de bilhões de toneladas de plástico nos oceanos.
Boyan Slat, holandês da cidade de Delft, conseguiu chegar com uma embarcação de sua ONG Ocean Cleanup na chamada Grande Ilha de Lixo do Pacífico, uma área estimada em 1,6 milhão de quilômetros quadrados no oceano Pacífico, entre a Califórnia e o Havaí, onde estão concentradas mais de 79 mil toneladas de lixo flutuando.
A tecnologia criada pelo jovem consiste em criar uma série de barreiras flutuantes, uma espécie de grandes redes, que aproveitam as correntes marítimas e uma âncora para capturar e reter o lixo. Essas barreiras ficam no oceano por longos períodos. Quando estiverem cheias, uma embarcação que atua como um caminhão de lixo do mar vai recolher o plástico coletado e levar para reciclagem.
Quando a Grande Ilha de Lixo do Pacífico foi descoberta no início dos anos 1990, a estimativa dos especialistas era que o homem gastaria milhares de anos para conseguir capturar as milhões de toneladas de lixo acumuladas. Slat afirma que, com a sua tecnologia, 50% do lixo na região pode ser recolhido em 5 anos.
E como o lixo plástico pode ser encontrado em grandes quantidades no mar em várias partes do mundo, o holandês acredita que é possível remover 90% desse lixo dos oceanos até 2040.
Livrar os oceanos do lixo depende de nós
“Depois de iniciar essa jornada há sete anos, este primeiro ano de testes no ambiente da Grande Ilha de Lixo do Pacífico indica fortemente que nossa visão é viável e que o início de nossa missão de livrar o oceano do lixo plástico, que se acumula há décadas, está ao nosso alcance”, disse Slat.
Boyan Slat teve a ideia de criar um mecanismo para ajudar a livrar os mares do lixo plástico em 2011. Com 16 anos, ao viajar para mergulhar nos mares da Grécia, disse que encontrou mais plástico do que peixe. Decidiu, então, fazer um projeto do ensino médio para investigar a poluição dos plásticos nos oceanos e porque era considerado impossível limpá-los.
Mais tarde, imaginou construir um sistema passivo, que usava as correntes marinhas, para recolher o lixo do mar a baixo custo e apresentou a ideia numa palestra do TEDx em 2012. Slat afirmava que o problema dos lixos nos mares poderia ser resolvido em dez anos e a palestra acabou viralizando.
Em 2013 ele decidiu interromper seus estudos de engenharia aeroespaciel na universidade de Delft e fundou a The Ocean Cleanup. Conseguiu levantar U$ 2,2 milhões para financiar seu projeto através de uma campanha de financiamento coletivo que contou com a ajuda de 38 mil doadores de 160 países.
Desde a fundação, com a ajuda de empreendedores da Europa e dos Estados Unidos, sua ONG já conseguiu arrecadar cerca de U$ 31 milhões (o equivalente a R$ 124 milhões).
A embarcação System 001/B, da Ocean Cleanup saiu de Vancouver (Canadá), em junho e foi a segunda tentativa de Slat de provar que seu conceito de coleta de lixo os oceanos é viável (a primeira foi em meados de 2018). Seu método é capaz de coletar pedaços de detritos de plástico do tamanho de uma geladeira até muito pequenos, com até 1 milímetro de espessura.
A próxima etapa é projetar um sistema de limpeza em larga escala, capaz de suportar e reter o plástico coletado por longos períodos de tempo.
Abaixo, a palestra que Slat fez no Tedx em 2012, que ajudou a impulsionar o seu projeto.