Paul Theroux e seus relatos de viagem: a arte de se misturar

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Paul Theroux, autor de relatos de viagem

Viajar para um lugar pela primeira vez permite o deslumbramento. Voltar àquele lugar anos depois abre espaço para a intimidade. Se o desconhecido faz com que o viajante fique desnorteado, procurando belezas, particularidades, sabores não experimentados, o segundo olhar deixa o comportamento mais confortável, abre espaço para segredos.

Paul Theroux gosta de rever suas viagens passadas. “O Safari da Estrela Negra” (Objetiva) refaz a rota pela África, sua morada por anos, narrada pela primeira 30 anos antes em “O Grande Bazar Ferroviário”, um dos melhores relatos de viagem já escritos.

Ele volta à África disposto a enfrentar o continente de norte a sul. Prepara sua viagem de forma costumeira, sem planos, apenas com rumos. Atravessa países e suas particularidades, relembra o que enfrentou décadas atrás quando era professor no continente negro.

Theroux narra sua viagem e cruza com memórias do passado. É detalhista para descrever os obstáculos que tem pela frente — tribos de mercenários, hotéis sem ventilação e água, a comida que merece desconfiança, parceiros que se revelam amigos e outros que se mostram interesseiros.

É mais do que um relato de viagem, é um mergulho nos mistérios de um continente, tão bem contados por um escritor que tem o olhar aguçado para culturas diferentes, sem julgamentos e que se mistura aos locais como se fosse um deles.

O talento para escrever muitos o têm. Talento para viajar e contar uma história única, sem cair em clichês, esse é mais raro. Theroux, sem alarde, dá amostras desse talento a cada livro.

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O livro pode ser encontrado na Amazon ou na Estante Virtual.

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