Não faz tanto tempo assim, as camisas oficiais de clubes eram produtos acessíveis para a grande maioria dos torcedores. Talvez em uma época em que não havia tantas opções como hoje, mas o fato é que, se o fã estivesse a fim de comprar seu manto sagrado, não precisava desfalcar tanto o orçamento familiar.
Com o passar dos anos, ter uma camisa oficial, do ano corrente ou logo após seu lançamento, virou artigo de luxo e chega a assustar quando nos deparamos com preços como R$ 250 — isso sem a adição de número, nome ou, eventualmente, algum patch.
É fato que, um ano depois, caso os torcedores ainda encontrem o produto nas lojas, o preço cai e, às vezes, até consideravelmente. Mais uma prova do quão baixo pode ser o real custo do produto — e tão alto é o ganho dos envolvidos. Muitos ainda conseguem comprar suas camisas nessas condições, aproveitando a promoção do estoque encalhado e, claro, sujeito a não encontrar a peça do seu tamanho ou o modelo exato que queria.
Por isso, qualquer atitude diferente e que facilite a vida do torcedor merece ser aplaudida e incentivada. Neste mês, o Bahia deu um passo importante. Recentemente, o clube não renovou seu contrato com a fabricante inglesa Umbro e passou a ter a sua própria marca, a Esquadrão, o que deu ao clube mais liberdade para, entre outras ações, fazer uma camisa oficial popular.
O escudo é silkado, a camisa não tem tantos detalhes, mas é oficial e custa R$ 99. É uma ação direcionada ao torcedor das camadas mais populares, totalmente afastado das lojas e de seus preços exorbitantes. Óbvio que o valor ainda é alto para muita gente, mas é um passo importante e que vai abranger mais e mais fãs.
Uma coisa é fato: o torcedor quer um produto oficial do seu clube, quer consumir sua paixão. E, quando os clubes deixam essa turma de fora, perdem um grande mercado e também um pouco de fidelidade. Cansado de tentar participar e de se sentir excluído, torcedores desse grupo tendem a se afastar. Ingresso caro, camisa cara, tudo caro? Como fazer parte?
Sou colecionador de camisas e sei da importância que esse objeto tem para qualquer fã de futebol. É com ela que o torcedor mais se identifica, mais se sente parte do clube. E, tranquilamente, é o que mais gosta de exibir nas ruas.
Tendência
A utilização da marca própria não é exclusividade do Bahia. Recentemente, muitos clubes aderiram à tendência e criaram alternativas em conta para seus torcedores, como foi o caso do Santa Cruz. Além dos dois citados, Paysandu, Coritiba, Sampaio Corrêa, América-MG, Náutico (a partir de 2019) e dois dos novos integrantes da Série A do Brasileirão, CSA e Fortaleza, contam com suas marcas.
Cada um tem um tipo de operação específica. Alguns flexibilizam a produção, abrem espaço para parcerias, outros contam com desenhos criados por torcedores etc. Fato é que possibilidades de licenciamento são abertas, o lucro dos clubes cresce e um público maior — e diferente — é atingido.
Lucro
Além de ser um fator de inclusão, como citei, a produção própria ajuda demais alguns clubes. Recentemente, o Náutico adotou sua linha porque estava insatisfeito com o contrato com a antiga fabricante e agora poderá contar com um negócio mais lucrativo.
O Paysandu, por exemplo, vendeu no ano passado muito mais do que no ano anterior e teve um retorno financeiro alto e por aí vai. Os efeitos ainda serão sentidos por todas as pontas do mercado. Fato é que o torcedor jamais pode ser esquecido. E ele não é de uma só classe.
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