As Garotas Amplificadas não querem apenas música. Querem contar histórias, ensinar defesa pessoal, estimular a expressividade e a autoestima e criar laços. Assim trabalha o grupo de voluntárias em Belo Horizonte.
O projeto surgiu há pouco mais de ano, impulsionado pelas Chicas Amplificadas, da Argentina, e que já havia gerado outros frutos no Brasil, como Girls Rock Camp Brasil, iniciativa de Sorocaba (interior de São Paulo).
À frente da versão de Belo Horizonte está Rafaela Ferreira Araújo, que ajuda a coordenar as Garotas Amplificadas, além de dar aula de baixo, produzir e fazer o papel de roadie.
A ideia é simples e inovadora: em um sábado, o grupo de voluntárias vai até uma escola pública de BH para ensinar as alunas a tocarem um instrumento. Elas formam um banda e ensaiam durante o dia inteiro, para no final se apresentarem num pequeno show.
Mas a história não fica apenas na música. A proposta é fortalecer essas meninas, com atividades que estimulem o empoderamento. As voluntárias contam histórias de mulheres que são inspiradoras, promovem oficinas de serigrafia e dão aulas de defesa pessoal.
Rafaela, que também atua em um negócio de alimentação vegetariana e vegana chamado Las Tortas Salgadaria Veg, espera que as meninas possam “levar o aprendizado para a vida toda”.
A primeira instituição a receber as Garotas Amplificadas foi a Escola Estadual Cristiano Machado, em maio de 2017. Nessa primeira edição, participaram 30 voluntárias, de várias especialidades, que trabalharam com 30 meninas da escola.
Sem contato com prefeitura ou governo do Estado, todas as atividades foram realizadas com o esforço das voluntárias. As Garotas cuidaram de tudo, da logística à estrutura.
A escolha da EE Cristiano Machado foi facilitada pelo fato de Rafaela já ter um vínculo com professoras e diretora, após palestras que ela deu pela ONG ambiental em que também atua como voluntária.
Elas tiveram apenas uma ajuda financeira da The Awesome Foundation, iniciativa que apoia projetos “irados” (awesome) com US$ 1.000 (transformados em reais).
Espaço livre para todos os gêneros
Muitas das voluntárias têm bandas ou trabalham diretamente com música. Apesar da pegada rock, o espaço é livre para outros gêneros. “Cada menina tem um gosto musical diferente e no projeto tudo é livre”, diz Rafaela.
As adolescentes ainda estão em formação, mas as Garotas de alguma forma já estão inspirando. Depois da passagem pela EE Cristiano Machado, uma das alunas começou a tocar guitarra.
“Somos um time de voluntárias formado por pessoas que acreditam que a música pode ser uma das chaves para o fortalecimento das meninas e dos seus laços de sororidade”, diz Rafaela.
Por meio das Garotas Amplificadas, ela e o grupo de voluntárias querem oferecer um “espaço em que meninas possam experimentar, descobrir e praticar novas formas de se colocar no mundo e de se relacionar”, diz Rafaela, para completar que a sociedade que deseja ver é uma em que todas sejam “protagonistas das próprias vidas”.
Garotas Amplificadas procuram uma escola
Agora, o objetivo é acertar com a escola da segunda edição. O processo de seleção é todo desenvolvido em plataformas digitais. Há chamados para as voluntárias, professores e outros atores envolvidos no projeto. Além disso, o grupo está divulgando nas redes sociais o projeto para encontrar a próxima instituição a participar das atividades.
“Estamos em busca de escolas que queiram abraçar o projeto. Ele tem um lado social aflorado também. Nosso sonho é que possamos fazer em maio a segunda edição”, diz Rafaela. A escola não tem custo algum com o sábado dedicado às meninas.
Veja abaixo como foi a primeira edição das Garotas Amplificadas:
Quer ajudar as Garotas Amplificadas ou participar do projeto? Escreve para garotasamplificadasbh@gmail.com ou entre em contato pela página do Facebook.