O Papa Francisco, que morreu no último dia 21, será enterrado no sábado (26) na Basílica de Santa Maria Maior, fora do Vaticano, como era seu desejo. Nascido na Argentina, Francisco assumiu o papado em março de 2013, após a renúncia de Bento XVI. Desde então, seu pontificado tem sido marcado por mudanças profundas, gestos simbólicos e uma visão pastoral centrada no diálogo, na simplicidade e na justiça social. Seu legado já está consolidado como um dos mais transformadores da história recente da Igreja Católica.
Um Papa da periferia
Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, é o primeiro Papa latino-americano e o primeiro jesuíta a liderar a Igreja. Isso, por si só, já foi um marco. Ao escolher o nome Francisco, inspirado em São Francisco de Assis, deixou clara sua intenção de priorizar os pobres, a paz e o cuidado com a criação. Essa escolha simbólica norteou todo o seu papado.
Reforma e transparência
Um dos grandes focos do Papa Francisco tem sido a reforma da Cúria Romana. Ele buscou tornar a estrutura do Vaticano mais eficiente, transparente e conectada com as realidades do mundo atual. Criou o Dicastério para a Comunicação, reorganizou departamentos e fortaleceu o combate à corrupção e aos abusos dentro da Igreja.
Além disso, promoveu auditorias financeiras e maior controle sobre o Instituto para as Obras de Religião, conhecido como o “Banco do Vaticano”. Essas medidas foram vistas como passos corajosos diante de resistências internas.
Tolerância e inclusão
Francisco também deixou sua marca com um discurso mais acolhedor e inclusivo. Embora mantenha os dogmas centrais da fé católica, ele abriu espaço para o diálogo com minorias e populações marginalizadas.
Seu famoso comentário sobre homossexuais — “Quem sou eu para julgar?” — se tornou um símbolo de uma Igreja mais aberta. Da mesma forma, defendeu o acolhimento de refugiados, imigrantes e povos indígenas, sempre com ênfase na dignidade humana.
Compromisso com o meio ambiente
Outro ponto marcante de seu legado é a encíclica Laudato Si’, lançada em 2015. Nela, Francisco aborda a crise ecológica global e chama atenção para o impacto da atividade humana sobre a natureza. O documento foi bem recebido não apenas por fiéis católicos, mas também por ambientalistas e líderes de diversas religiões.
A mensagem é clara: cuidar da Terra é uma responsabilidade moral e espiritual. Essa visão fortaleceu a presença do Vaticano nos debates ambientais globais.
Voz ativa pela paz e justiça
Ao longo de seu papado, Francisco se destacou como uma voz ativa em favor da paz mundial. Interveio em crises diplomáticas, como a reaproximação entre Cuba e Estados Unidos, e condenou guerras, violência e desigualdades com firmeza.
Além disso, tem sido um defensor constante da justiça social. Critica o sistema econômico que “mata”, denuncia o desemprego juvenil e pede aos governos que coloquem os pobres no centro das políticas públicas.
Portanto, o legado do Papa Francisco vai além das paredes do Vaticano. Com coragem, ele desafiou estruturas, reformou instituições e aproximou a Igreja de questões urgentes do nosso tempo. Seu pontificado está sendo reconhecido como um dos mais relevantes da era moderna.
Seus gestos, palavras e reformas deixam uma marca duradoura. E sua liderança inspiradora seguirá sendo referência para o futuro da Igreja e para o mundo.
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